20181024BoschCMCom níveis de adesão muito elevados, que provocaram a paragem da produção, os trabalhadores que laboram no parque das máquinas da Bosch Car Multimédia, em Braga, estiveram ontem em greve por melhores condições de trabalho e contra a discriminação salarial.

A paralisação, organizada pelo SITE Norte, prossegue hoje, voltando a abranger todo o período de trabalho dos três turnos.

Numa nota que distribuiu hoje à comunicação social, o sindicato explica algumas das razões do descontentamento e da indignação dos trabalhadores da Bosch Car Multimédia Portugal, as quais têm vindo a ser manifestadas à administração há já algum tempo, designadamente quanto às más condições de trabalho e à pressão psicológica e quanto a situações de discriminação salarial.

Junto das chefias, os trabalhadores têm protestado contra as consequências da retirada de operadores das máquinas, os ritmos excessivos de trabalho, a persistência de posturas ergonómicas erradas, bem como contar a pressão psicológica.

A discriminação salarial é praticada:
- no pagamento do trabalho nocturno (entre as 20 e as 22 horas);
- no pagamento do subsídio de turno, nuns casos a 25% e noutros apenas a 10%;
- no pagamento do complemento das horas nocturnas acrescidas de 50%, em vez de 75%;
- no pagamento do prémio eventual, de 24,99 euros, apenas a alguns trabalhadores;
- na não aplicação das diuturnidades aos trabalhadores admitidos mais recentemente.

Os trabalhadores do parque das máquinas não aceitam, ainda, que o sistema de avaliação (ADD) tenha implicações no cálculo da actualização do salário-base.

Apoios esquecem emprego

A Bosch em Portugal tem andado na ribalta das notícias. O Estado português tem investido nesta empresa cerca de 100 milhões de euros, para investimentos que estão a ser feitos, esquecendo-se de investir na qualidade do emprego que é criado. Todos os trabalhadores inicialmente admitidos são trabalhadores de empresas de trabalho temporário, que só após um ano passarão para o quadro de pessoal da Bosch se, aos olhos desta, se portarem bem, mas sempre com vínculo precário, mantendo-os assim no mínimo durante três anos.

A Bosch tem obrigação de oferecer melhores condições de trabalho, sem discriminação e sem ritmos de trabalho alucinantes.

Mantendo as actuais condições, a multinacional alemã está a contribuir para que continue elevado o número de trabalhadores portadores de doenças profissionais músculo-esquelécticas.

A Bosch CM deve parar os abusos das constantes alterações dos horários de trabalho, que desorganizam a vida familiar dos trabalhadores.

FONTE: FIEQUIMETAL