20190212Aljustrel arquivo 20171122O grave acidente que ontem ocorreu na mina de Feitais vem dar razão aos insistentes alertas do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira, quanto à ausência de práticas de prevenção e segurança e à falta de adequada fiscalização das condições de laboração nas minas de Aljustrel.

Se existiu uma morte, é óbvio que houve falha de segurança, afirma o STIM, numa nota de imprensa. Para o sindicato, este caso não deveria ser mais um a ficar sob segredo de justiça, o que adiaria o conhecimento de causas e responsabilidades e impediria uma intervenção do sindicato a exigir medidas em tempo útil.

Pode alguém alegar que a queda de uma carrinha pick-up no desmonte, para um fosso com 40 metros, se deveu a erro humano? Talvez possa. Mas a empresa deve tomar todas as medidas de prevenção possíveis para evitar tais erros, e isso não foi feito seguramente.

Não é significativo o facto de o trabalhador falecido e o seu camarada gravemente ferido estarem vinculados à EPDM, procurando aliviar responsabilidades da Almina. Não se pode ignorar que ambas pertencem a um mesmo grupo, onde predominam os irmãos Martins, fundadores e administradores da Martifer.

Em menos de uma década, ocorreram três acidentes mortais em Aljustrel. Mas o sindicato tem conhecimento de acidentes graves não foram foi mortais. Diz-se entre os trabalhadores que só graças a Santa Bárbara, cuja imagem está à boca do poço, não há mais acidentes.

Na realidade, não há formação condigna para a profissão e faltam práticas de segurança que deveriam estar no topo das prioridades destas entidades patronais.

À situação laboral que se vive nas minas de Aljustrel não é estranha também a forma como as empresas procuram dificultar a organização dos trabalhadores e a sua intervenção colectiva. Está proibida, recorde-se, a entrada de dirigentes do sindicato nas instalações da Almina, bem como o desenvolvimento de actividade sindical.

A Autoridade para as Condições do Trabalho comparece quando ocorrem acidentes desta gravidade. Mas, em geral, quando o sindicato solicita a sua intervenção, não responde positivamente, alegando que não possui meios. Em empresas como estas, com reconhecido risco elevado, a ACT tem de estar presente no terreno e possuir meios para uma fiscalização eficaz.

Nesta ocasião de tristeza e luto, o sindicato manifesta toda a solidariedade aos familiares do nosso camarada que morreu a trabalhar, expressa um voto de esperança no restabelecimento do trabalhador ferido e renova a exigência de que sejam tomadas todas as medidas que minimizem os riscos laborais nas minas de Aljustrel.

FONTE: FIEQUIMETAL