cesp 1 maioO CESP escreveu uma Carta Aberta às empresas de distribuição, super e hipermercados e cadeias especializadas, para que encerrem os estabelecimentos comerciais no 1º de Maio. O estado de emergência impede o sindicato de emitir o pré-aviso de greve que todos os anos, no 1º de Maio, permite a milhares de trabalhadores do sector não trabalhar no Dia Internacional do Trabalhador.

Carta Aberta às Empresas de Distribuição, Super e hipermercados e cadeias especializadas
1º de Maio – Encerramento dos estabelecimentos comerciais

Exmos. Senhores,

Desde o inicio do surto da Covid-19 e da declaração do estado de emergência, o País tomou medidas extraordinárias para contenção da propagação do vírus.

As empresas de distribuição, por serem consideradas essenciais no abastecimento de produtos de primeira necessidade à população, mantiveram-se sempre em funcionamento.

Aos trabalhadores destas empresas foi pedido que, apesar dos receios, do cansaço, do stress associado e dos problemas na conciliação com a vida pessoal e familiar, permanecessem ininterruptamente ao serviço.

Estes, assumindo a sua função, arregaçaram as mangas e demonstraram um enorme profissionalismo. Sem baixar os braços, mantiveram-se na linha da frente.

Desde o início de Março (com muita afluência às lojas, rupturas de produtos em dias consecutivos, etc) e numa fase posterior, com o medo mais enraizado e até que todos os trabalhadores tivessem os EPI, sempre os profissionais destas empresas se mantiveram ao serviço. Sempre o abastecimento de produtos essenciais à população esteve salvaguardado, mesmo quando os trabalhadores tinham noção clara de que estavam diariamente expostos ao risco.

Agora, quando a maioria das empresas já tomou as medidas de prevenção aconselhadas, persiste o cansaço, o receio do contágio por comportamentos incorrectos de clientes que se aglomeram em determinadas secções e frente de loja.

Mesmo assim os trabalhadores permanecem na linha da frente, assumindo diariamente os seus postos de trabalho.

Entende o CESP que é chegado o momento de toda esta dedicação dos trabalhadores ser valorizada e reconhecida por empresas e clientes, decidindo encerrar todas as superfícies comerciais no 1º de Maio.

Como V. Exas. sabem, devido ao estado de emergência está suspenso o direito à greve dos trabalhadores dos sectores essenciais, motivo pelo qual não é possível emitir o pré-aviso de greve para o 1º de Maio – Dia Internacional do Trabalhador, para os trabalhadores dos super e hipermercados.

Há milhares de trabalhadores do sector que nunca trabalharam neste dia, e desde a alteração legislativa que possibilita o funcionamento dos estabelecimentos comerciais no 1º de Maio, reclamam o seu encerramento.

Estes milhares de trabalhadores estão hoje confrontados com a impossibilidade de emissão de pré-aviso de greve, o que sentem como uma afronta às suas liberdades individuais e colectivas, incorrendo na obrigação de trabalhar no 1º de Maio.

A decisão de encerramento dos estabelecimentos comerciais no 1º de Maio, dará aos trabalhadores do sector um sinal de reconhecimento por se terem aguentado na linha da frente durante este período.

Estamos certos que ponderarão sobre esta possibilidade, valorizando desta forma, o trabalho e os trabalhadores.

Com os melhores cumprimentos,

Direcção Nacional

FONTE: CESP