Trabalhadores açorianos manifestaram se em Angra do HeroísmoA União dos Sindicatos de Angra do Heroísmo, o SITACEHT/Açores, o STAL e o Grupo dos Trabalhadores do Comércio da Ilha Terceira realizaram, no dia 08 de abril de 2023, na Praça Velha, em Angra do Heroísmo, entre as 10h00 e 11h45, uma manifestação/concentração de trabalhadores.

No setor do Comércio esta manifestação tem como objetivos: Defender a Contratação Coletiva; Estabelecer horários que permitam conciliar a vida profissional e pessoal; Lutar pelo direito ao subsídio de alimentação e a diuturnidades e pela melhoria dos direitos laborais nos setores do comércio e grande distribuição, nomeadamente impedir a adaptabilidade e o banco de horas que farão com que os trabalhadores estejam ao dispor das empresas 12, 14, ou 16 horas por dia, sem a respetiva compensação financeira.

Aproveitamos esta oportunidade para demonstrar o nosso repúdio e desagrado pela postura adotada pelo Munícipio da Praia da Vitória, na sequência do despedimento coletivo dos trabalhadores da Cooperativa Praia Cultural. É lamentavél a forma como o processo tem sido conduzido provocando angústia e ansiedade em dezenas de trabalhadores, mas tendo também um efeito nefasto sobre centenas de outras pessoas, que de forma direta ou indireta serão afetadas. Nesta manifestação queremos demonstrar o apoio e solidariedade, de todo o Movimento Sindical Unitário Açoriano, para com os trabalhadores da Cooperativa Praia Cultural e com as suas famílias e dizer de uma forma clara e inequívoca que estaremos sempre ao seu lado, que podem contar connosco.

Esta manifestação tem também objetivos de caráter geral, que tem surgido entre as principais reivindicações do Movimento Sindical Unitário Açoriano, como o aumento geral dos salários e das pensões; a aplicação das 35 horas a todos os trabalhadores açorianos, ou que exerçam a sua atividade profissional nos Açores, sem perda de retribuição; o combate à precariedade; as questões da igualdade género; a aposta na formação profissional e na segurança e saúde no trabalho.

Estamos preocupados com as longas jornadas de trabalho, intensos ritmos de trabalho, horas extraordinárias não remuneradas. Horários desregulados, turnos informados de véspera. Fins-de-semana com os filhos que não há, porque são negadas as condições para a articulação da vida profissional, pessoal e familiar. Limitação e negação de direitos de maternidade e paternidade. Chantagens, pressões, represálias sobre trabalhadores.

Estamos preocupados com os trabalhadores com contratos a prazo, falsos recibos verdes, trabalhadores à peça, à hora; trabalhadores de empresas de trabalho temporário ou outsourcing; trabalhadores no período experimental; falsos estágios e de tantos, mas tantos outros trabalhadores com vínculos precários que, respondendo a necessidades permanentes têm na instabilidade e na incerteza do seu posto de trabalho o quotidiano das suas vidas, o que torna a precariedade num flagelo na Região. É claramente a substituição de trabalhadores com direitos por trabalhadores sem direitos.

Tal como estamos preocupados com o aumento brutal do custo de vida, que está a dificultar cada vez mais a situação social e económica dos açorianos, o que em nosso entender irá agravar-se com a contenção salarial generalizada, com a subsequente redução do rendimento disponível, que têm um efeito ainda mais profundo, considerando a grande disparidade entre os rendimentos dos trabalhadores açorianos e os de outras regiões do País

Cresce a desigualdade de que são vítimas os trabalhadores dos Açores, que têm de suportar também um custo de vida agravado pela insularidade e agora por esta onda brutal de aumentos, com rendimentos reduzidos, o que aumenta a disparidade remuneratória, com prejuízo da coesão social nacional.

Não aceitamos aquilo em que alguns querem transformar a sociedade, querem produzir com meios do século XXI, pagar salários do século XX e remeter os restantes direitos dos trabalhadores para o século XIX.

Com tanta preocupação só nos resta um caminho, continuar a luta pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores açorianos, pois ela é condição essencial para uma Região que se quer desenvolvida, de progresso e justiça social.

Fonte: União dos Sindicatos de Angra do Heroísmo