Das 45 cantinas das escolas EB1 do Porto, 41 estão encerradas

A greve que está a decorrer hoje a nível nacional dos trabalhadores das cantinas, refeitórios, fábricas de refeições, áreas de serviço e bares concessionados, está a ter grande adesão.

Das 45 cantinas das escolas EB1 do Porto, 41 estão encerradas, das 6.000 refeições que são servidas diariamente mais de 5.500 não serão servidas. Também há grande adesão nas escolas EB 2,3 do Porto, onde a esmagadora maioria está encerrada.

No balanço feito até esta hora, há mais de 90 cantinas escolares encerradas do Porto, Matosinhos, Gaia, Gondomar, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, S. Tirso, Paredes, Amarante, Maia Barcelos, Famalicão, Braga, Viloa Verde, Guimarães, Chaves e Mirandela.

Há também grandes adesões em hospitais e fábricas, a Cantina do Centro de Formação do Cerco do Porto está encerrada e a cantina da RTP Porto também está encerrada.

 

Os trabalhadores concentrados frente à delegação do Porto da AHRESP aprovaram uma moção que foi entregue nos serviços da associação patronal e pedida uma reunião de negociações do CCT.

 

 

Moção

aprovada pelos trabalhadores das cantinas, refeitórios, fábricas de refeições, áreas de serviço e bares concessionados, em greve, concentrados na delegação da AHRESP, no Porto, no dia 26 de maio de 2023

 

Considerando que:

• A associação patronal AHRESP faltou ao seu compromisso e arrasta as negociações de revisão do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) das cantinas, refeitórios, fábricas de refeições, áreas de serviço e bares concessionados, adiando sucessivamente as reuniões propostas;

• As empresas que exploram cantinas, refeitórios, fábricas de refeições, áreas de serviço e bares concessionados pagam salários muito baixos;

• O aumento salarial que deram no corrente ano de 2023 é manifestamente insuficiente, face ao aumento brutal do custo de vida e das prestações bancárias no crédito à habitação;

• O setor continua a crescer, designadamente nas áreas hospitalar, escolar e social;

• As empresas não valorizam a antiguidade e o profissionalismo dos trabalhadores;

• As empresas não valorizam o trabalho por turnos e o trabalho ao fim de semana;

• As empresas não compensam os trabalhadores dos hospitais e das prisões pelos riscos de saúde que correm nos locais de trabalho;

• As empresas aproveitam-se dos cadernos de encargos das cantinas escolares apresentados pelas câmaras municipais e têm milhares de trabalhadores a tempo parcial, alguns a trabalhar 1,5 ou 2 horas diárias, que não garantem sequer o pagamento as despesas com o transporte;

• Mais de 90% dos trabalhadores das cantinas são precários, são contratados e despedidos todos os anos, alguns trabalham na mesma cantina permanentemente há mais de 20 anos.

• Não há razões nenhumas para haver trabalhadores a tempo parcial nas cantinas de confeção;

• Há empresas que continuam a fazer contratos de trabalho a termo incerto e a despedir os trabalhadores nas pausas escolares do Natal e da páscoa.

Assim, os trabalhadores das cantinas, refeitórios, fábricas de refeições, áreas de serviço e bares concessionados em greve, concentrados em frente à delegação da AHRESP, no Porto, no dia 26 de maio de 2023, exigem:

1. Negociação imediata do CCT;

2. Aumentos salariais de 10% na tabela salarial, com o mínimo de 100€ para cada trabalhador;

3. Criação de um regime de 5 diuturnidades com o valor de 25€ por cada diuturnidade;

4. Atualização do subsídio de alimentação nas férias para 130€;

5. Pagamento de um prémio de 25% da retribuição para os trabalhadores que tenham horário repartido e para os trabalhadores que trabalhem em regime de turnos;

6. Pagamento do trabalho ao fim de semana com um acréscimo de 25% sobre o salário;

7. Pagamento de um subsídio de risco aos trabalhadores das cantinas dos hospitais e dos estabelecimentos prisionais de 7% sobre o salário;

8. Redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais;

9. A garantia de 25 dias uteis de férias para todos os trabalhadores;

10. Passagem a efetivos de todos os trabalhadores das cantinas escolares;

11. Contratação a tempo completo dos trabalhadores das cantinas escolares que confecionam refeições;

12. Carga horária mínima de 25 horas semanais nas cantinas com refeições transportadas;

13. Valorização das carreiras profissionais, atribuindo progressão automática na categoria ao fim de 3 anos de efetivo serviço;

14. Estabilidade no emprego e o fim da precariedade;

15. Garantia do emprego por parte das câmaras municipais na reversão da exploração do serviço de refeições das cantinas escolares;

16. Os trabalhadores decidem, desde já, caso não haja uma resposta positiva às suas reivindicações, mandatar os sindicatos para convocarem novas formas de luta.

 

Porto, 26 de maio de 2023
Os trabalhadores