A FENPROF enviou ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) um conjunto de propostas no âmbito da consulta pública lançada com o objetivo de simplificar procedimentos e combater a burocracia nas escolas. Apesar de este apelo ter sido dirigido, diretamente, a professores e outros intervenientes, a FENPROF – a mais representativa organização sindical de docentes em Portugal e que há anos denuncia o peso insuportável da burocracia no quotidiano das escolas – não foi diretamente envolvida neste processo.

Ainda assim, e reafirmando a importância de uma mudança profunda nesta matéria, a FENPROF decidiu contribuir para a reflexão em curso, alertando para o facto de o trabalho docente estar cada vez mais comprometido por tarefas burocráticas e administrativas que desviam tempo, foco e energia daquilo que verdadeiramente importa: o ensino e a aprendizagem.

A FENPROF recorda que já solicitou reuniões ao MECI, designadamente na anterior legislatura, para discutir estas e outras questões centrais para a profissão docente, sem que até ao momento tenha obtido resposta. Também no passado fez chegar ao governo listas concretas de tarefas que, sem qualquer relação com a função docente, sobrecarregam e desgastam os profissionais das escolas.

Agora, e com base no contacto direto e permanente com os professores e educadores, a FENPROF voltou a identificar um conjunto extenso de atividades e procedimentos que devem ser urgentemente simplificados, reorganizados ou retirados das responsabilidades docentes.

Entre essas tarefas destacam-se:

    Elaboração de atas e relatórios administrativos;
    Preparação de dossiês e preenchimento de plataformas e formulários não pedagógicos;
    Instrução de processos disciplinares e realização de matrículas;
    Produção de relatórios para entidades externas (tribunais, CPCJ, médicos);
    Verificação e distribuição de materiais (lanches, manuais, equipamentos);
    Realização de inventários e controlo de instalações;
    Introdução e atualização de dados em plataformas informáticas diversas;
    Acompanhamento de tarefas que deveriam ser da responsabilidade de outras entidades ou serviços.

A lista completa, enviada ao MECI, evidencia como estas tarefas – muitas delas sem qualquer enquadramento funcional na profissão docente – ocupam horas de trabalho que deveriam ser dedicadas à preparação e realização de atividades pedagógicas.

A FENPROF sublinha que esta realidade, para além de comprometer a qualidade do ensino, está a ter um impacto severo na saúde e bem-estar dos docentes. Defende, por isso, que a eliminação ou redistribuição destas tarefas deve ser acompanhada de uma revisão séria da duração e organização dos horários de trabalho nas escolas.

A FENPROF manifesta total disponibilidade para discutir estas propostas e insiste na urgência de medidas concretas que travem a “vertigem burocrática” que afeta as escolas, prejudica os profissionais e, em última instância, penaliza os alunos.

Fonte: FENPROF