SOBRE A COMUNICAÇÃO DO LAY-OFF POR PARTE DA BOSCH EM BRAGA
O sindicato começa por dizer que considera inaceitável os trabalhadores e o seu sindicato, terem conhecimento de algo que os afecta directamente, com prejuízo financeiro, por via de notícias em órgãos de comunicação social.
O sindicato compreende a complexidade e as dificuldades que poderão estar na origem deste lay-off, no entanto, a guerra económica que os EUA/EU cavalgam, não tem qualquer responsabilidade dos trabalhadores da empresa.
Nenhuma "Trumpice" tem sido devidamente enfrentada pelos que na UE têm responsabilidade de defender os interesses do país, confirmando-se aliás, com a conivência com os interesses norte americanos na sua lógica imperial.
Assim, o sindicato informa que:
• É inaceitável, que os trabalhadores só tenham tido conhecimento da desgraça que os vai afectar, após o leite derramado e por via noticiosa externa;
• A empresa já avistava uma quebra, como se pode verificar na informação mensal "Braga em Movimento" desde setembro;
• O sindicato acompanhou nas últimas semanas as paragens pontuais de produção, estranhando a informação dada ser vaga;
• O sindicato, estranhando a situação, emitiu dois comunicados internos;
• O sindicato procurou junto de fonte da administração e da Comissão de Trabalhadores (doravante CT), informação sobre as paragens e em momento algum, quando já decorria o prazo de negociação entre as partes - a administração e a CT, nos foi comunicada a possibilidade de lay-off;
• Por força de lei, a comunicação de intenção de aplicação de lay-off, é feita à CT, ou na sua ausência, ao sindicato. Deste decorre um prazo para fiscalizar, contestar ou negociar os termos em que este é aplicado;
• Esse prazo correu, sem que as partes (administração e CT) comunicassem, a quem quer que fosse, alguma coisa;
• A opção do secretismo, nada tem que ver com alarmismos, mas com limitar a atuação dos trabalhadores sobre a situação, aos prazos mínimos legais;
• Relembramos que já no passado recente, os trabalhadores aceitaram trocar dias de férias, gozar as férias não gozadas e horas Fhd, para no fim, serem alvo de lay-off;
• Entendemos que ninguém de boa-fé, negoceia o prejuízo dos trabalhadores na calada;
• O sindicato estranha a coincidência que leva a administração a limitar informação ao sindicato, desde o final do ano passado;
• Não desconsideramos o cuidado da empresa, em aplicar 18% nos salários em lay-off do seu bolso, sobre os 66% pagos pela Segurança Social;
• Não desconsideramos o cuidado da empresa em admitir, ao contrário do que fez no passado recente, em incluir todas as rubricas na contabilidade de lay-off, quando no passado foi por força sindical e de lei, que o fez;
• Consideramos que a empresa tem todas as condições de pagar os salários a 100%, não deixando a penalização em cima dos ombros dos trabalhadores e nos descontos das suas reformas, que não têm responsabilidade alguma nos acontecimentos;
• Consideramos inaceitável, que uma multinacional, dos maiores exportadores nacionais, admita ser a segurança social a tirar-se o dinheiro dos trabalhadores a pagar os seus próprios salários, por algo que os trabalhadores não têm qualquer responsabilidade;
• Relembramos que a Bosch é uma multinacional alemã, que opera em Portugal há vários anos, e que tem recorrentemente acesso a fundos comunitários e estatais, assim como variados benefícios fiscais, ao que se junta agora a recente descida de IRC;
• Relembramos que a Bosch Portugal, no ano de 2024, cresceu 14%, como é público.
O sindicato admitindo a situação complexa que envolve o sector da mobilidade e da energia, a ausência de fornecedores em capacidade suficiente para o mundo cada vez mais tecnológico em que vivemos, assim como a ausência de respostas estatais que, ao invés de investir na sua soberania económica, prefere subsidiar empresas.
No entanto, não admitimos serem os trabalhadores a pagar os seus próprios salários, quando falamos de um grupo económico centenário, com lucros crescentes a cada ano e que esses lucros acumulados, não sejam usados para pagar os salários dos seus próprios trabalhadores.
O sindicato como sempre, estará a acompanhar a situação, na defesa dos postos de trabalho e não permitindo que os alarmismos sirvam alguma retirada de direitos.
Fonte: SITE-Norte
