Sem qualquer anúncio prévio ou discussão com as equipas envolvidas, a Administração da ULS de São José decidiu encerrar a Neonatologia do Hospital da Estefânia e concentrar este serviço, supostamente, na Maternidade Alfredo da Costa.

Todos os profissionais foram confrontados com este anúncio, ontem, dia 17, materializado com a informação da não publicitação das escalas de trabalho para aquele serviço.

Tendo como horizonte a abertura do novo Hospital Lisboa Oriental, o encerramento deste serviço levanta sérias preocupações, desde logo:

  • Tem a Maternidade Alfredo da Costa e o Hospital Santa Maria a capacidade física e de recursos humanos para responder ao aumento previsível de bebés, nomeadamente do foro cirúrgico?
  • É intenção da ULS de São José articular com a ULS de Santa Maria a utilização de serviços deste último e, sendo o caso, qual a razão do plano não ter sido discutido com os profissionais de saúde, enquanto parte interessada?
  • Onde está e, a existir, qual a razão de não ter sido divulgado o plano de concentração deste serviço e o consequente encerramento da neonatologia da Estefânia?
  •  Foi disponibilizada a informação a todas as ULS que têm como referência o Serviço de Neonatologia do Hospital da Estefânia para onde devem agora referenciar os doentes?
  • É esta uma medida transitória e se sim, o que está a ser adotado por parte da ULS de São José para inverter este encerramento e qual a previsão do espaço temporal para que aconteça?

 A concretização de “reorganização e concentração de serviços de urgências e de serviços especializados” que o Ministério da Saúde e o Governo preconizam, apresentando como medidas temporárias, por ausência conhecida de outras que garantam a contratação e retenção, como a devida valorização dos profissionais, rapidamente colocarão em causa o acesso dos portugueses a cuidados de saúde.

Não esquecemos o encerramento do bloco de partos do Hospital Dona Estefânia em 2011, com o argumento falacioso do número insuficiente de partos por ano, com as consequências que hoje conhecemos nesta área. Os únicos favorecidos com o continuado encerramento de serviços e camas hospitalares são os grupos económicos que têm aumentado o seu lucro de forma exponencial.

Fonte: SEP