O Sindicato da Hotelaria do Algarve realizou ontem, dia 18, uma assembleia-geral de sócios, onde foram aprovadas as principais reivindicações para 2026 a apresentar ao patronato do sector. Entre vários assuntos abordados pelos presentes, esteve em discussão o brutal ataque do governo PSD/CDS, com o apoio do Chega e da IL, contra os direitos laborais e sociais, em particular a declaração de guerra que representa o Pacote Laboral que pretende alterar para pior mais de 100 artigos do Código do Trabalho, que a ser aprovado, representaria um retrocesso ao séc. XIX em termos de relações laborais.
Face ao brutal ataque com que os trabalhadores estão confrontados, a greve geral do passado dia 11 de Dezembro, que se revestiu num enorme êxito devido à adesão maciça dos trabalhadores, constituiu uma enorme rejeição às opções e à política de direita, e um sinal claro de que os trabalhadores estão disponíveis para intensificar a luta se o governo não retirar da discussão o Pacote Laboral por si apresentado
RECORDES ANUAIS CRESCENTES DO TURISMO CONTRASTAM COM BAIXOS SALÁRIOS E HORÁRIOS LONGOS E DESREGULADOS
Esteve também em análise a grande injustiça que se verifica neste que é o principal sector de actividade da região, onde milhares de trabalhadores estão confrontados com a degradação contínua do seu poder de compra e das suas condições de trabalho e de vida, a par de uma cada vez maior apropriação pelo patronato e accionistas dos grupos económicos que operam no sector da riqueza que é criada com o esforço e sacrifício dos trabalhadores que estão sujeitos aos baixos salários e à desregulação dos horários de trabalho, vendo-se confrontados com dificuldades crescentes em suportar o brutal aumento de custo de vida e em conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar.
Segundo o Turismo de Portugal1, “Nunca os turistas gastaram tanto dinheiro em Portugal e o ano está prestes a encerrar com um novo recorde no que respeita ao consumo dos visitantes em território nacional. As receitas turísticas no país - que correspondem ao dinheiro gerado pela actividade e que incluem gastos com alojamento, restauração, transportes, compras entre outros serviços - irão crescer cerca de 6% em 2025, atingindo um novo máximo histórico de perto de 30 mil milhões de euros. Este será o melhor ano de sempre para o turismo nacional, que irá superar as receitas de 27,7 mil milhões de euros registadas em 2024.”
A actividade turística nos últimos meses (e anos – como provam os dados) continuou a ganhar fôlego com os principais indicadores a comprovar que Portugal permanece uma geografia apetecível, principalmente para os estrangeiros. O crescimento, contudo, tem sido mais expressivo nos proveitos do que no volume de hóspedes ou nas dormidas. Ou seja, e simplificando, já não estão a chegar tantos turistas em número ao país, mas os que vêm gastam mais dinheiro.
Os últimos dados disponíveis no Instituto Nacional de Estatística (INE) ilustram: até outubro, o número de hóspedes nos estabelecimentos de alojamento turístico avançou 3,1% para os 28 milhões, as dormidas subiram apenas 2,2%, para 73 milhões, enquanto que os proveitos totais (que somam ao alojamento outros gastos inerentes à estadia dos turistas como restauração, lavandaria entre outros serviços) deram um salto de quase 8% para os 6,4 mil milhões de euros.
VAMOS LUTAR POR UMA VIDA DIGNA! POR MELHORES SALÁRIOS E HORÁRIOS REGULADOS!
Face a esta situação os trabalhadores presentes na assembleia-geral decidiram intensificar a luta por uma justa distribuição da riqueza, por melhores condições de trabalho, pela possibilidade de conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar, por serviços públicos de qualidade e acessíveis a todos, pela defesa dos direitos e o cumprimento da Constituição da República Portuguesa, tendo aprovado apresentar ao patronato e lutar em 2026 por:
- Aumento geral dos salários em 15%, com um mínimo de 150€, e a exigência da fixação no salário mínimo em 1050€ a partir de 1 de Janeiro de 2026.
- Rejeição da desregulação dos horários de trabalho e redução da jornada semanal de trabalho para as 35 horas semanais (7h/dia), sem redução de salário.
- Valorização do subsídio de alimentação, abono para falhas e prémio de línguas.
- Garantia de 2 dias de folga seguidos (pelo menos 1 vez por mês ao fim-de-semana).
- Gozo de 25 dias úteis de férias, sem estar dependente da assiduidade.
- Valorização das profissões e progressão automática na carreira a cada 3 anos.
- Criação de um regime de até 5 diuturnidades de 25€ cada, a vencer a cada 3 anos.
Com o reforço da nossa organização e intervenção nos locais de trabalho, com mais sindicalização, unidade e luta organizada, é possível conquistar melhores condições de vida.
Fonte: Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Algarve
