Os jovens são alvo de ataques aos seus direitos

 

Célia Lopes
Interjovem/CETINS

Os jovens trabalhadores representam hoje cerca de 1/5 do universo global de trabalhadores por conta de outrém.

Constituindo-se como um grupo de trabalhadores com considerável formação e qualificação, pleno de empenho e criatividade, e representando uma mais valia real para o desenvolvimento do país nas suas diversas vertentes, os jovens trabalhadores merecem o respeito da parte de todos, e em particular daqueles que actualmente exercem funções executivas ao nível do governo...

O cenário real é todavia o oposto: em vez de boas condições de trabalho, de estabilidade e protecção social, os jovens são antes alvo de inconcebíveis ataques aos seus direitos.

É precisamente na fase mais instável da sua vida, quando deixam a escola e iniciam a sua carreira profissional, quando decidem comprar casa e constituir família, que em vez de apoio e segurança, os jovens se deparam com precariedade e instabilidade laborais, com baixos salários, com políticas desregulamentadoras de direitos, com ataques à segurança social pública e universal, à saúde e à educação e ao aumento desmedido do custo de vida.

A entrada em vigor do código do trabalho, o aumento do desemprego e o desconhecimento, em grande parte, dos direitos constantes dos contratos colectivos de trabalho, tem o efeito de uma bola de neve junto destes trabalhadores e torna-os presas fáceis de patrões retrógrados e de governos de direita, que vêm nos trabalhadores o seu inimigo principal.

Esta pode parecer uma caracterização demasiado agressiva e levada ao extremo, mas eu diria antes que é uma caracterização real, como real é a vida de milhares de jovens trabalhadores que se encontram no desemprego ou em empregos precários. Real, como real é a vida de milhares de jovens trabalhadores que têm de recorrer a segundos e terceiros empregos para fazer face ao aumento do custo de vida, impedindo-os de gozar uma fase mágica da sua vida, que é a de ser jovem, pai ou mãe, na plena acessão da palavra.

Chegada a este ponto, apetece-me questionar, não de quem é a culpa, porque essa já sabemos.

Antes pergunto o que fazer?

Como ajudar?

Como informar?

Como agir?

Como construir sorrisos nos rostos destes jovens e das suas famílias?

Desde os meus cinco anos, com a participação no meu primeiro 1º de Maio, de mão dada com um então dirigente sindical, meu pai, que sei que a união faz a força e que a luta continua. A questão está em como criar a união, e como continuar a luta.

 

De duas formas e em dois sentidos. Junto dos trabalhadores e no seio do movimento sindical.

Junto dos trabalhadores, estando presente, sempre que novo problema se levanta. Informando e agindo para a sua resolução.

No seio do movimento sindical, espaço de debate e reflexão para a acção, tendo presente que todos somos sindicalistas, desenvolvendo a nossa acção, na empresa, no sindicato, na união ou federação, na Interjovem ou na CGTP o nosso objectivo é comum, a luta a mesma, garantir melhores condições de vida e trabalho para todos os trabalhadores.

Neste sentido, várias podem ser as nossas lutas e por certo compreenderão se eu centrar a minha atenção nos jovens trabalhadores.

Primeiro temos de agir para garantir que com a entrada em vigor do código do trabalho, nenhum jovem fique desprotegido de direitos. Salvaguardando em sede de negociação colectiva que os direitos aí constantes se aplicam a todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, porque infelizmente, ainda não temos as capacidades necessárias para estar presente e ter organização em todas as empresas e locais de trabalho.

Temos de multiplicar os nossos esforços e a nossa militância, e num curto espaço de tempo multiplicar várias vezes o número de trabalhadores com quem contactamos. E aqui, atrevo-me a lançar o desafio, para que, no nosso plano de trabalho mensal esteja sempre incluído um local de trabalho, com elevada percentagem de jovens. Esta planificação permite um trabalho conjunto com a Interjovem no sentido da identificação dos problemas, com vista à sua resolução e à sindicalização e eleição de dirigentes e delegados sindicais, pelo que a Interjovem não poderia estar mais de acordo com a proposta apresentada no projecto de programa de acção e na moção sobre organização sindical, de sindicalização de 230 mil trabalhadores nos próximos 4 anos, bem como, com a eleição e reeleição de 10 mil delegados sindicais.

Importa também referir a importância do rejuvenescimento e da renovação do nosso movimento sindical, Não o sei, no entanto, dizer de melhor forma do que aquela que está presente no projecto de programa de acção, aqui em discussão: "A fonte básica de recrutamento e rejuvenescimento dos quadros sindicais tem necessariamente de continuar a ser o local de trabalho... A inserção de mais jovens nas listas para os órgãos sindicais, só por si não é sinónimo de rejuvenescimento do movimento sindical unitário, importa que se faça a plena integração dos jovens quadros nos sindicatos através da atribuição de responsabilidades e tarefas.."

Atrever-me-ia a dizer, que os sindicatos que fizeram esta aposta na responsabilização dos jovens têm tido resultados muito positivos, além de permitirem o trabalho conjunto e a troca de experiências entre gerações de sindicalistas, factor essencial para a continuidade do nosso trabalho diário.

Camaradas,

Importa neste espaço, que é o X Congresso da CGTP-IN, apontar caminhos para os próximos 4 anos, mas não nos podemos esquecer da acção imediata.

Neste sentido, a Interjovem concorda e apoia as acções de luta, apontadas no projecto de programa de acção, bem como aquelas que são propostas na plataforma para a acção imediata.

No mesmo sentido, chama a atenção para o encerramento da sua campanha nacional sobre a contratação colectiva, no próximo dia 19 de Fevereiro em Lisboa

Neste dia, queremos multiplicar as denúncias que ao longo de 4 meses fizemos em todos os distritos do continente, pelo que a mobilização de todos é essencial.

Termino dizendo que:

A manutenção dos direitos de todos os trabalhadores é o nosso objectivo.

O Reforço da nossa organização o caminho.

A acção e a luta organizada, o meio.

Uma sociedade mais justa, sem exploradores nem explorados, a meta.

Continuamos neste sentido.

Unidos e organizados fazemos a força, e mantemos a nossa CGTP-IN como a grande central sindical de classe de todos os trabalhadores.

A luta continua!