A FORMAÇÃO SINDICAL

Ulisses Garrido
Membro do Conselho Nacional

 

Camaradas

Vou-vos falar de Formação sindical.

Quase podia reler a intervenção de há quatro anos, no último Congresso….

Não porque nada tenhamos feito entretanto.

Mas porque se mantêm actual.

Porque apesar de tudo o que fizemos, temos muito que fazer ainda.

Sim, porque a FS não é uma coisa lá da Inter, uma tarefa da central.

Não, é uma tarefa de todos, de toda a estrutura, a todos os níveis.

E se ao nível do discurso a FS ocupa um lugar importante e consensual, ao nível da prática precisamos de ir mais longe naquilo que fazemos.

Sejamos claros, camaradas: alguém aqui acredita que hoje um jovem eleito representante possa dispensar a FS?

Ou que se adquira, nas condições actuais, a tal consciência de classe, a cultura unitária, a cultura CGTP, apenas com as dificuldades da condição de representante eleito?

Não camaradas, é preciso

 

É preciso reflectir em conjunto com outros na experiência vivida, questionar a prática.

Precisamente para que a prática seja melhor, mais eficaz, mais mobilizadora e envolvente.

Os jovens que estão chegando ao movimento sindical querem receber formação.

Mais do que isso, a formação sindical dos quadros é um seu direito!

As organizações sindicais a todos os níveis devem medir o grau de satisfação dos seus eleitos; devem conhecer as necessidades de formação.

E recordo: as federações e sindicatos nacionais não federados têm a responsabilidade de promover as necessárias e suficientes acções de formação.

Vale a pena que cada delegação neste Congresso se interrogue:

Temos muitas perguntas a fazer a nós mesmos.

Cada um no seu galho…

Não se pense, todavia, que a CGTP não está envolvida na auto reflexão. Está necessariamente.

Também a CGTP precisa de ir mais longe

Hoje aliás, temos de ser mais exigentes ao nível da qualidade do que fazemos, com garantia de eficácia, de valer a pena.

A aposta nos formadores continua a ser uma aposta estratégica.

É uma prioridade central.

Mas a ela tem de corresponder uma participação de todo o movimento sindical.

Sabemos que há prioridades.

Priorizamos a luta sindical, mas não será com demasiada facilidade que invocando outra qualquer actividade sindical, não nos formamos, não elevando assim o nível dessa mesma acção sindical?

As nossas metodologias de formação precisam de ser

A nossa formação está intimamente ligada à acção!

Assim não deixará de ser.

Continuaremos a preferir formadores não profissionalizados, ou seja: os formadores são quadros sindicais capacitados com experiência ou em pleno exercício de acção sindical.

Por isso também a prioridade que a central continuará a dar à formação e actualização de formadores.

Camaradas, se há erros, emendam-se – não tememos o erro, simplesmente porque estamos sempre dispostos a emendá-lo, parafraseando Bento de Jesus Caraça;

Se há adaptações a fazer, que se façam.

O aperfeiçoamento constante é lema da formação.

Não formar, desperdiçar a formação, é desperdiçar o futuro.

Por outro lado, é certo que quem passa pela formação

Notemos até que muitos dos que à formação sindical vieram, rapidamente lhes foram atribuídas mais e maiores responsabilidades.

Tenhamos presente que uma organização que aprende

Não é com os saberes de há dez ou mesmo mais anos que poderemos fazer hoje uma acção sindical eficaz.

Tudo mudou.

Precisamos saber mais, compreender os fenómenos, descodificar as mudanças.

Sim, porque não esqueçamos: nós queremos inundar o mundo com os nossos valores solidários!

A acção sindical faz-se cada vez mais

A acção sindical tem tudo a ganhar com a formação; cada um de nós tem tudo a ganhar com a formação sindical!

A FS dá corpo à CGTP, acrescenta consciência do que somos todos juntos, do nosso ser colectivo.

A FS fortalece a nossa cultura. E é a cultura que produz a verdadeira mudança, que nos torna senhores de nós e dum querer que não há Durão ou Portas, nem Bush, que faça vacilar, que não há jornal ou televisão que engane.

Cultura sindical e formação que a cimente, são instrumentos estratégicos duma organização que, sendo um espaço solidário e de valores, aposta na mudança, no caminho da justiça social e da paz.

Temos mesmo de fazer mais. Muito mais, camaradas!

 

Lisboa, 30 de Janeiro de 2004