O Primeiro-Ministro foi a Santo Tirso anunciar que para atingir a meta de emprego prometida vão ser criados em 2009, mais 1200 empregos, com a instalação de um call center da operadora Portugal Telecom (PT). Mas este anúncio pode tratar-se de um embuste, dado que certamente o que vai acontecer é uma deslocalização de serviços desta empresa, substituindo trabalhadores por outros trabalhadores, ou seja, encerram serviços da PT em Lisboa, transferindo-os para Santo Tirso, com o objectivo de reduzir custos.

Comunicado de Imprensa n.º044/08

 

Primeiro-Ministro em Santo Tirso

1.200 Postos de trabalho pode tratar-se de um embuste

 

O Primeiro-Ministro, na sua aparição depois das férias, veio, mais uma vez, anunciar que está próximo dos prometidos 150 mil postos de trabalho aquando às eleições.

O Primeiro-Ministro teve necessidade de se concentrar no tema do emprego, porque a taxa do desemprego continua elevada 7,3%, segundo os últimos dados divulgados pelo INE, e o desemprego de longa duração tem vindo a aumentar, atingindo mais de 49% dos desempregados.

E a precariedade do emprego acentuou-se, atingindo o seu maior valor, ou seja, 23,3% dos trabalhadores por conta de outrem têm trabalho precário, sendo sobretudo jovens.

O Primeiro-Ministro foi a Santo Tirso anunciar que para atingir a meta de emprego prometida vão ser criados em 2009, mais 1200 empregos, com a instalação de um call center da operadora Portugal Telecom (PT).

Mas este anúncio pode tratar-se de um embuste, dado que certamente o que vai acontecer é uma deslocalização de serviços desta empresa, substituindo trabalhadores por outros trabalhadores, ou seja, encerram serviços da PT em Lisboa, transferindo-os para Santo Tirso, com o objectivo de reduzir custos.

Tanto mais, que a Câmara Municipal de Santo Tirso, cujo presidente é do PS, ofereceu o terreno para construir as instalações do Call Center, e a Portugal Telecom, por sua vez, pode vir a vender as instalações em Lisboa onde estão instalados estes serviços, que para além de pagar o investimento, geram mais-valias.

No 1º trimestre de 2008, a venda de património já rendeu de mais-valias à empresa 11 milhões de euros.

Mas, o Primeiro-Ministro não explicou à custa de quê e que tipo de emprego vai criar, dado que, nos call centers existentes, 100% dos trabalhadores são precários, trabalham 4 a 6 horas diárias e recebem cerca de 500 euros, sendo grande parte licenciados e no mínimo têm de ter o 12º ano de escolaridade.

Em zonas deprimidas, como no Vale do Ave, o Governo vai permitir que a PT desenvolva uma política ainda de maior exploração do trabalho, dado haver um índice elevado de desemprego, nomeadamente de jovens, em resultado da destruição do parque industrial, e de ser das zonas do país onde os salários são dos mais baixos.

É de lamentar que o Primeiro-Ministro não tenha tido uma palavra para com os trabalhadores que estão com salários em atraso e em risco de desemprego, seguindo a mesma linha do Presidente da Câmara de Santo Tirso, que não recebe os trabalhadores da região e nunca manifestou preocupações em relação à situação social destes, numa região assolada com graves problemas de desemprego, nomeadamente no sector têxtil, e de pobreza.

A CGTP-IN considera que é imperioso criar emprego, mas é fundamental que este assente numa estratégia de desenvolvimento e que não seja para servir de propaganda e que tenha estabilidade e qualidade. Impõe-se mudar a página do trabalho precário e mal remunerado.

 

 

DIF/CGTP-IN

Lisboa, 2008-08-19