Assinalam-se os 80 anos da vitória sobre o nazi-fascismo. A 9 de Maio de 1945 o Exército Vermelho da União Soviética forçou a capitulação incondicional do exército Nazi em Berlim e culminou a libertação da Europa. Uma libertação celebrada por milhões de pessoas.
Dessa forma concretizava-se o fim da guerra na Europa, embora ainda se seguisse um último e infame massacre: o bombardeamento atómico, por parte dos EUA, sobre Hiroshima e Nagasáqui - cidades japonesas cujo regime estava já à beira da rendição.
Assim terminaram 5 anos de uma guerra que ceifou a vida a mais de 70 milhões de pessoas, incluindo milhões que foram barbaramente assassinadas em campos de concentração, trabalho forçado e câmaras de gás.
O nazi-fascismo encontrou a resistência dos povos, que lutaram, mesmo no seu seio, contra a barbárie. Trabalhadores, mulheres, homens, jovens - muitos pagando com a própria vida - enfrentaram a clandestinidade e desferiram golpes profundos na besta fascista. Importa assinalar e lembrar o sacrifício de milhões pela derrota do fascismo, nomeadamente o martirizado povo soviético, cujas mortes ascenderam os 20 milhões.
A luta contra o genocídio e a guerra foi uma luta que uniu povos das nações de todo o mundo, uma prova do carácter universal e unificador da luta pela paz e da sua importância para os trabalhadores e os povos. Também hoje, quando nos querem empurrar para uma escalada da guerra, sabemos que esse não é o caminho que serve aos povos. A guerra, a morte, a destruição e a corrida aos armamentos que alimenta o complexo militar-industrial servem apenas ao capital.
Quando se apresenta a guerra como a única solução para os conflitos, lembramos o legado consolidado com o final da Segunda Guerra Mundial no domínio do direito internacional. O acervo de conferências, regras, tratados, convenções e organismos multilaterais - nomeadamente a Organização das Nações Unidas ou os tratados para a não proliferação e abolição de armas nucleares - apontam o caminho da paz, as relações de amizade e cooperação, o respeito pelas soberanias nacionais e convoca-nos para que não se repita o horror que há 80 anos foi derrotado.
Hoje é dia de afirmar e continuar a luta pela paz, pela resolução política dos conflitos e pelo respeito pelos princípios da Carta da ONU e do direito internacional.
O regime Nazi do qual foi libertada a Alemanha e toda a Europa nasceu do objectivo dos grandes grupos económicos da época promoverem os seus interesses e lucros, contra a luta dos trabalhadores e dos povos por melhores condições de vida e de trabalho, pelo fim da exploração, por um mundo melhor. Foram precisamente os trabalhadores, as suas organizações de classe e o povo alemão as primeiras vítimas da política nazi, sofrendo de perseguição e promoção da exploração, de ataques aos direitos dos trabalhadores, às liberdades sindicais, políticas e de expressão.
Também em Portugal o fascismo protegia e animava os interesses dos grandes grupos económicos, colaborando com a Alemanha Nazi. E também em Portugal o povo e os trabalhadores resistiam e lutavam contra o fascismo, que oprimia e reprimia com violência os direitos e as liberdades. A 9 de Maio de 1945, apesar da ditadura, a vitória sobre o nazi-fascismo foi celebrada pelo povo português na rua com alegria e esperança.
Uma esperança que foi também resistência e luta para o derrube do fascismo em Portugal e a conquista da liberdade a 25 de Abril de 1974. Com a Revolução, os trabalhadores e o povo afirmaram o seu caminho de melhoria de condições de vida e trabalho, de valorização de quem trabalha, dos direitos dos trabalhadores, do fim da exploração, da rejeição da guerra e pela paz, caminho confirmado na Constituição da República Portuguesa.
É valorizando o trabalho e os trabalhadores, na resposta às necessidades das populações, no cumprimento da Constituição da República Portuguesa, lutando pelos direitos nela consagrados, na sua concretização e na afirmação e defesa dos valores de Abril que prosseguimos a vitória sobre o fascismo, onde quer que ele surja.
80 anos depois, os trabalhadores continuam a luta em defesa da liberdade, na conquista de direitos, na rejeição da guerra, pela paz!