nato naoRealizou-se, ontem, em Lisboa, o acto público pela Paz e contra a NATO – bloco político-militar que realiza, nos dias 10 e 11 de Julho, a sua Cimeira em Bruxelas.

Várias centenas de pessoas desfilaram rejeitando que o governo coloque mais dinheiro na NATO e na indústria de armamento em detrimento dos salários e pensões dos trabalhadores e dos seus direitos; em detrimento do urgente investimento na saúde, na educação, na justiça, nas infra-estruturas e na cultura. Entoando Paz Sim! NATO Não! pelas ruas de Lisboa, os participantes denunciaram os crimes da NATO e os perigos desta que é a maior ameaça à paz no mundo.

A CGTP-IN foi uma das mais de 40 organizações que subscreveram o apelo e participaram no acto público, onde se exigiu a dissolução da NATO, o fim da corrida aos armamentos e das bases militares estrangeiras, o desarmamento geral e controlado e o respeito por parte das autoridades portuguesas, dos princípios constitucionais, nomeadamente com o estabelecimento de um política externa de paz e cooperação.

A situação do país e do mundo colocam em evidência que a luta pela Paz é indissociável da defesa dos direitos e rendimentos dos trabalhadores e da valorização do trabalho.

INT/CGTP-IN
10.07.2018

Abaixo, se reproduz a intervenção de João Barreiros, Membro do Conselho Nacional da CGTP-IN, no Acto Público,

Boa tarde,

a NATO é o mais poderoso instrumento de guerra nas mãos do imperialismo. Uma aliança militar responsável por inúmeros crimes contra povos, países e estados soberanos que se prepara para reforçar o seu carácter na Cimeira de Bruxelas.

Da intervenção militar em vários países resultaram a morte de milhões de inocentes, a destruição de fábricas e matérias primas, de hospitais, de escolas e serviços públicos; a destruição do que havia e o adiamento do direito a um futuro de paz, de autodeterminação e justiça social . A NATO foi e é a destruição da Jugoslávia, do Iraque, do Afeganistão ou da Líbia; a NATO é cada uma das bombas dos EUA e dos seus aliados, sempre carregadas de hipócritas razões humanitárias e de democracia. Os crimes da NATO estão presentes em todos e cada um dos países divididos ou destruídos pela sua agressão; e estará presente pelo tempo que estes países ainda levarão para se reerguerem da rapina do capital - no fim de contas o único a quem serve a NATO.

Portugal foi e quer continuar a ser – assim o afirma o governo do PS - um exímio cumpridor das orientações deste bloco político-militar que, recordemos, acolheu no seu seio o Portugal da ditadura fascista.

No tempo de troika foi imposto aos trabalhadores mais e mais austeridade, mas para a NATO nunca houve austeridade; o governo de PSD/CDS-PP nunca deixou de contribuir, não só financeiramente mas também com o envio dos nossos militares para as suas missões.

O governo do PS quer manter e aprofundar o envolvimento do país no militarismo e na guerra, deixando degradar as nossas condições de trabalho e de vida e comprometendo o futuro do país. O governo do PS – com o apoio do Presidente da República - diz que não há dinheiro para valorizar as carreiras e aumentar salários, para garantir o direito à aposentadoria sem penalizações, para defender e valorizar os serviços públicos e funções sociais do Estado, para o investimento público, para a cultura... mas para o governo do PS já há dinheiro para amarrar as nossas forças armadas à estratégia da NATO, da União Europeia e das suas potências, para a agressão e subjugação de países e povos e para o aumento das despesas militares do país com este fim.

A NATO será sempre a continuação das guerras, das agressões e da subjugação de países e a continuação das políticas de exploração dos trabalhadores. Guerras que concluídas ou em desenvolvimento continuam a obrigar milhões de homens, mulheres e crianças a sair dos seus países para fugir da guerra e de perseguições, da fome e da pobreza, nunca prescindindo de concretizar o seu direito inalienável a uma vida digna. É também o inalienável direito a uma vida digna que a NATO quer matar.

É por isso também que condenamos o crescente discurso de ódio, racista e xenófobo com que os círculos dirigentes de vários países da UE e da própria UE – num jogo político que alimenta a extrema-direita e é por ela alimentado – acusam os refugiados, escondendo as responsabilidades que esses países e a própria UE têm, nomeadamente nas intervenções militares da NATO, dos EUA e dos seus aliados, em países do Médio Oriente ou de África.

O que se exige é uma política de paz, o fim das intervenções militares e o respeito pelos povos e pela sua soberania. Só o livre desenvolvimento dos povos, em paz e de forma soberana podem meter fim à crise de refugiados. Mas para isso é essencial a dissolução da NATO.

Ao fazer parte deste bloco, os sucessivos governos foram cúmplices da guerra, da morte e da destruição. Não bastam discursos piedosos sobre refugiados. O essencial é o fim da guerra nos países de origem e para isso é necessário que Portugal não contribua mais para a principal estrutura de guerra mundial, a NATO ou para o reforço da militarização da UE enquanto seu pilar europeu.

O militarismo e a guerra servem os interesses do grande capital contra os trabalhadores e os povos. Defender os nossos direitos e rendimentos e a valorização do trabalho e dos trabalhadores exige a intensificação da luta pela paz, com o seu carácter solidário, de esquerda, patriótico e ao mesmo tempo internacionalista.

É com este empenho que a CGTP-IN aqui está e é com ele que continuará a contribuir para o esclarecimento e a mobilização dos trabalhadores.

Viva a luta dos trabalhadores. Viva a luta pela Paz!