20050920DESEMPREGOA CGTP-IN tem sérias dúvidas de que a variação estatística do número de desempregados inscritos nos centros de emprego corresponda a uma diminuição real do desemprego e à saída da grave situação económica e social em que o País se encontra.

 

 

Comunicado à Comunicação Social nº 028/06

DESEMPREGO DESCE ADMINISTRATIVAMENTE EM ABRIL

Segundo o que veio hoje a público, terá havido uma quebra homóloga de 2% no número de desempregados inscritos nos centros de emprego em Abril e uma descida de 2,3% relativamente ao mês passado, levando o Governo a afirmar que estamos perante uma descida do desemprego e a fazer crer que isso corresponde ao resultado das suas políticas.

A CGTP-IN tem sérias dúvidas de que esta variação estatística corresponda a uma diminuição real do desemprego e à saída da grave situação económica e social em que o País se encontra. Ao contrário do que seria desejável e necessário neste momento, todos os dados disponíveis, nomeadamente da Comissão Europeia e do próprio Governo apontam para que assim não seja. Nas projecções das Grandes Opções do Plano para 2007, o Governo prevê um crescimento económico de 1,1% para 2006, o que não é suficiente para que o emprego cresça. A previsão para a taxa de desemprego para 2006 é de 7,7%, ou seja, representa um agravamento face a 2005. Quanto à variação mensal, o seu andamento positivo poderá ser já resultado da influência do trabalho sazonal que se verifica habitualmente nesta altura do ano.

Por outro lado, a CGTP-IN considera que não é sério fazer afirmações propagandísticas com dados que não são directamente comparáveis, como acontece neste caso, uma vez que recentemente foi feita uma limpeza de ficheiros através de procedimentos administrativos. De facto, desde meados de 2005 que o IEFP procede ao cruzamento dos dados do desemprego registado com a Segurança Social, no sentido de apurar se os desempregados que se inscrevem nos centros de emprego estão efectivamente desempregados, chamando-os depois aos centros de emprego para confirmar a sua situação face ao emprego. Este procedimento retirou das estatísticas do desemprego alguns milhares de pessoas em Março. Uma vez que o mesmo não se fazia há um ano, os dados não são directamente comparáveis, como o Governo bem sabe.

A CGTP-IN, os trabalhadores e o povo continuam a reclamar uma inversão das políticas seguidas. Não é possível combater o desemprego se não se apostar numa efectiva estratégia de desenvolvimento económico do país que concilie o desenvolvimento (nas suas várias vertentes) com o crescimento económico e com o pleno emprego.

DIF/CGTP-IN
Lisboa, 18.05.2006