O AUMENTO DO CUSTO DE VIDA PENALIZA BRUTALMENTE OS TRABALHADORES E PENSIONISTAS
A CGTP-IN vê com preocupação a evolução registada na inflação, atendendo ao impacto que esta variável tem nas condições de vida dos trabalhadores e das famílias, particularmente as de baixos rendimentos. De acordo com o INE, os preços no consumidor subiram 3,1% no mês de Março, face ao mês homólogo do ano passado, enquanto a taxa média anual subiu para 2,6%.

Comunicado de Imprensa n.º 020/08

 

 

INFLAÇÃO TEM FORTE AUMENTO EM MARÇO

O AUMENTO DO CUSTO DE VIDA PENALIZA BRUTALMENTE OS TRABALHADORES E PENSIONISTAS

 

 

A CGTP-IN vê com preocupação a evolução registada na inflação, atendendo ao impacto que esta variável tem nas condições de vida dos trabalhadores e das famílias, particularmente as de baixos rendimentos. De acordo com o INE, os preços no consumidor subiram 3,1% no mês de Março, face ao mês homólogo do ano passado, enquanto a taxa média anual subiu para 2,6%.

A variação mensal foi sobretudo provocada pelo disparo dos preços nas classes de vestuário e de calçado (cerca de 19%), o qual é decorrente da entrada em vigor da nova colecção de Primavera-Verão. Porém, a observação no período homólogo (Março de 2008 face a Março de 2007) mostra que existe uma pressão inflacionista determinada pelos bens alimentares, transportes, habitação e lazer.

 

A CGTP-IN considera particularmente preocupante o aumento nos produtos alimentares atendendo ao seu impacto nas famílias mais pobres. Ainda recentemente os dados do Inquérito aos Orçamentos das Famílias, efectuado pelo INE, mostrava que as famílias têm ainda uma despesa elevada (acima da média comunitária) com a alimentação, ainda que a tendência seja para a redução desta componente no total das despesas das famílias. O impacto do aumento dos preços dos bens alimentares é muito elevado nas famílias de baixos rendimentos. A despesa com alimentação e bebidas não alcoólicas, sem incluir a alimentação fora de casa, das famílias mais pobres (10% que ganham menos) atinge 24% do total face a 10% nas famílias que têm rendimentos mais elevados (10% que ganham mais).    

Em suma, que o aumento de preços têm-se generalizado a quase todos os tipos de bens e produtos, os maiores agravamentos verificam-se contudo na alimentação e nos bens de primeira necessidade, penalizando brutalmente os trabalhadores, os pensionistas e outras camadas desfavorecidas.

A CGTP-IN considera que face à evolução do aumento da inflação a previsão do Governo em obter 2,1% em 2008 não tem credibilidade. Ainda que se trate de meras extrapolações, vale a pena salientar que um congelamento dos preços até ao final do ano conduzirá a uma inflação acima da previsão oficial, sendo ainda de referir previsões feitas por organizações internacionais apontam para valores superiores (2,4% para o FMI). A CGTP-IN tem criticado previsões, que considera serem deliberadamente baixas, porque se destinam a ser utilizadas como referenciais de inflação na negociação colectiva com visa a limitar o crescimento dos salários tanto no sector privado como no público, de que é exemplo a perda de cerca de 10% do poder de compre dos trabalhadores da Administração Pública desde 2000.

A CGTP-IN considera, pelas razões expostas, ser intolerável que o Governo continue a utilizar referenciais de inflação artificialmente baixos para prejudicar os trabalhadores e pensionistas, pelo que é legitimo e de toda a justiça que seja desenvolvida a luta reivindicativa pela reposição do poder de compra.

DIF/CGTP-IN

Lisboa, 15.04.2008