Depois de nove anos a perder poder de compra, com os salários congelados e com cortes no vencimento nominal, os trabalhadores da Administração Pública ouviram o Primeiro-ministro afirmar que, entre contratar mais funcionários ou aumentar a sua remuneração, a opção será não actualizar mais uma vez os salários o que, a concretizar-se, traduzir-se-ia numa década sem subida salarial no sector público.

Esta posição do Governo PS é inadmissível porque viola o princípio da negociação colectiva no sector público, nega o direito à actualização anual dos salários e dá um sinal profundamente negativo ao sector privado no que concerne à dinamização da contratação colectiva e ao aumento dos salários.

Para a CGTP-IN, a política de recuperação de rendimentos não se pode limitar a reverter os cortes da troika e tem de passar por uma justa distribuição da riqueza que vem sendo criada, fruto de um crescimento económico impulsionado pelo aumento da procura interna. Neste sentido o aumento geral dos salários é um imperativo nacional e um motor do próprio desenvolvimento do país.

Na mesma medida, a necessária recuperação dos Serviços Públicos e das funções sociais do Estado, depois do forte ataque a que foi sujeito, passa, em simultâneo, pelo aumento do número de trabalhadores e pela subida dos seus salários. A questão de fundo que se coloca é de opção entre uma política articulada de desenvolvimento, na qual os salários, os serviços públicos e, entre outros factores, o aumento da produção nacional desempenham um papel central, ou a manutenção de uma política centrada na obsessão da redução do défice e num modelo assente nas baixas remunerações, numa produção desqualificada e em serviços públicos debilitados que dão uma resposta cada vez mais sofrida às necessidades dos trabalhadores, do povo e do país.

A CGTP-IN enfatiza que neste como em outros aspectos da vida nacional, o elemento determinante não está tanto na falta ou limitação de dinheiro, mas na opção onde este é investido. O dinheiro que abunda para acudir aos bancos privados, que serve para pagar as rentabilidades privadas das PPP, que é usado para pagar uma dívida em parte ilegítima e no seu todo impagável, escasseia no SNS, falta à escola pública, tarda à segurança social e não se vê na cultura!

Estas são, entre outras, razões acrescidas para exigir o aumento geral dos salários para os trabalhadores do sector público e privado e participar na Grande Manifestação Nacional que terá lugar no dia 9 de Junho em Lisboa, por uma mais justa repartição da riqueza e a valorização dos trabalhadores.