Em nome da “defesa das mulheres” foi aprovada uma lei que proíbe o uso de roupas que ocultem ou dificultem a exibição do rosto em espaços públicos.

A lei é vaga — e o risco de abuso também.

Tudo isto é feito em nome da “segurança” e da “igualdade”.
Mas a igualdade não se impõe retirando liberdade.
E a segurança não se constrói apontando o dedo a uma cultura específica.

As mesmas vozes que agora dizem querer “proteger as mulheres”,
são as mesmas que atacam as políticas de igualdade no trabalho e na vida.
Pactuam com a desigualdade remuneratória, querem liquidar direitos de maternidade, assistem - sem uma palavra - às mulheres a ter filhos nas auto-estradas, promovem o assédio laboral, cortam no apoio à violência doméstica, destroem os serviços públicos e apoiam o actual pacote laboral que é uma autêntica regressão civilizacional.

Quem aprova leis destas não está mesmo nada preocupado com a liberdade das mulheres. 
Proibir roupas, véus ou burkas é apenas o meio para atingir um fim.

No imediato serve para distrair as atenções do que é essencial e está à vista de todos e todas nós, se não andarmos de olhos tapados.

Lisboa, 19.10.2025
DIF/CGTP-IN

 

* ilustração de Marta Nunes