- O emprego estagnou (0%) confirmando a tendência, vinda de 2002, de incapacidade de criação de empregos pela economia;
- A taxa de desemprego alcança o valor de 8% no quarto trimestre e de 7,6% em termos anuais.
- A precariedade (percentagem de assalariados sem contratos permanentes) mantém um elevado valor (19,5%);
- As taxas de desemprego dos jovens (16,1%) e das mulheres (8,7%) mantêm-se em valores bastante acima da média;
- O número de horas habitualmente trabalhadas estagnou.

Comunicado de Imprensa n.º 011/06

DADOS DO EMPREGO DO 4º TIMESTRE DE 2005 MOSTRAM UMA PROFUNDA DETERIORAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO

1. O Inquérito ao Emprego do INE relativo ao 4º trimestre de 2005 revela uma profunda deterioração do mercado de emprego:

-          O emprego estagnou (0%) confirmando a tendência, vinda de 2002, de incapacidade de criação de empregos pela economia;

-          A taxa de desemprego alcança o valor de 8% no quarto trimestre e de 7,6% em termos anuais. Este valor é o mais alto verificado desde 1987 e aproxima-se do dobro da taxa ocorrida em 2000 (4%). Refira-se que a taxa de desemprego é já superior à prevista no Programa de Estabilidade e de Crescimento 2005-2009, recentemente revisto (7,4%);

-          A precariedade (percentagem de assalariados sem contratos permanentes) mantém um elevado valor (19,5%), o que significa uma ligeira redução face a 2004, devido sobretudo à não renovação de contratos a prazo;

-          As taxas de desemprego dos jovens (16,1%) e das mulheres (8,7%) mantêm-se em valores bastante acima da média;

-          O número de horas habitualmente trabalhadas estagnou.

2. Estes dados são o reflexo da situação económica do país. O produto terá tido um ligeiro aumento em 2005, segundo as estimativas do Banco de Portugal. Por sua vez, as estatísticas de comércio internacional do INE, de Janeiro a Novembro de 2005, mostram um agravamento de cerca de 12% na balança comercial, ainda que explicado de forma significativa pelo aumento dos combustíveis e lubrificantes.

3. O emprego apenas está a crescer nos serviços, segundo o Inquérito ao Emprego, ainda que outras estatísticas do INE apontem para uma redução do emprego neste sector. Na agricultura e na indústria o emprego tem diminuído. É particularmente preocupante a contínua quebra do emprego industrial (o emprego na indústria representava 35% do total em 2000, mas apenas 30,6% em 2005).

A CGTP-IN considera que esta perda de importância não se deve apenas a uma maior eficiência produtiva antes traduz, quer a incapacidade de desenvolver a indústria, quer perdas industriais resultantes de encerramentos, de falências e de deslocalizações de empresas. 

4. A CGTP-IN entende que só uma política virada para a resolução dos problemas do sector produtivo pode responder à preocupante situação existente. O Governo tem multiplicado o anúncio de políticas, de programas e de medidas. Mas a preocupação dominante continua a ser a contenção orçamental e a travagem dos salários. E fica a sensação, senão a certeza, que muito do que se diz querer fazer tem mais a ver com marketing político do que com uma vontade sustentada de atacar os verdadeiros problemas económicos do país.

DIF/CGTP-IN

Lisboa, 14.02.2006