20060718bpO Banco de Portugal reviu em alta as suas projecções sobre a evolução da economia portuguesa, apontando para um crescimento de 1,2% em 2006 e de 1,5% em 2007.
A CGTP-IN considera fundamental que haja crescimento económico para que o País saia da grave situação em que se encontra mas sublinha que, mesmo que tais previsões de concretizem, a economia portuguesa continuará a divergir relativamente à União Europeia (1,1 pontos percentuais em 2006 e 0,7 pontos percentuais em 2007).

 

Comunicado à Imprensa n.º 031/06

 

ECONOMIA PORTUGUESA CONTINUARÁ A DIVERGIR FACE À UE EM 2006 E 2007

O Banco de Portugal reviu em alta as suas projecções sobre a evolução da economia portuguesa, apontando para um crescimento de 1,2% em 2006 e de 1,5% em 2007.

A CGTP-IN considera fundamental que haja crescimento económico para que o País saia da grave situação em que se encontra mas sublinha que, mesmo que tais previsões de concretizem, a economia portuguesa continuará a divergir relativamente à União Europeia (1,1 pontos percentuais em 2006 e 0,7 pontos percentuais em 2007).

A CGTP-IN chama a atenção para a fragilidade destas previsões, uma vez que, segundo a mesma instituição, o crescimento assentará essencialmente num forte aumento das exportações e não no aumento do investimento (que sofrerá nova quebra em 2006 - com menos 1,2% - e estagnará em 2007 - com apenas mais 0,5%) ou no aumento do consumo público (que apenas crescerá 0,7% em 2006 e 0,5% em 2007).

O Banco de Portugal prevê que as exportações cresçam 8,4% em 2006 quando em 2005 aumentaram apenas 0,9%. Apesar do aumento verificado nos primeiros meses do corrente ano, o comportamento das exportações foi extremamente volátil, não sendo certo que o crescimento seja sustentado. Recorde-se que, entre 2000 e 2005, as exportações portuguesas perderam quota de mercado a nível mundial, perda essa que reverteu quase na totalidade para economias que concorrem com o mesmo tipo de produtos (baseados em mão-de-obra barata) e para os mesmos países. A evolução verificada vem reforçar a necessidade de alterar o perfil de especialização da economia portuguesa, nomeadamente do sector exportador, para produções com mais valor acrescentado e potencial de crescimento.

Outro factor que fragiliza as previsões agora apresentadas são as deslocalizações, com destaque para o sector automóvel, nomeadamente o anunciado encerramento da Opel da Azambuja que, a concretizar-se, significaria, além do aumento do desemprego na região, uma quebra importante das exportações portuguesas.

Por outro lado, as previsões relativas aos preços do petróleo dificilmente se confirmarão dada a forte instabilidade política na cena internacional.

O Banco de Portugal, pela voz do seu Governador, além de prever a continuação da estagnação do emprego, um agravamento da taxa de juro e um aumento da inflação - o que certamente terá implicações negativas nos orçamentos familiares - incentiva o Governo a prosseguir as suas políticas injustas e erradas e insiste nas mesmas receitas de sempre: política orçamental restritiva (afirmando que em 2005 tal não se verificou); moderação salarial; continuação de medidas gravosas, nomeadamente na Administração Pública, Saúde e Segurança Social.

A CGTP-IN considera que este não é o caminho, pelo que se impõe a inversão das políticas que têm sido seguidas e que estão na origem do agravamento dos problemas estruturais com que o País se debate e do fraco crescimento económico.

Lisboa, 18 de Julho de 2006

DIF/CGTP-IN