Organizar para agir, agir para mudar

graciete cruzIntervenção de Graciete Cruz, membro do Conselho Nacional.

 

Camaradas e amigos,

Comprometida com os trabalhadores, identificada com os seus problemas e aspirações, protagonizando um projecto sindical transformador – alicerçado em princípios e objectivos programáticos que enformam a sua natureza de classe e se expressam numa prática de acção coerente, tenaz e firme -, a CGTP-IN aqui está, confiante no futuro, na força imensa, agregadora e combativa do MSU e na luta organizada dos trabalhadores como motor da mudança necessária.

SIM! TEMOS FUTURO! ESTE É O NOSSO TEMPO! A experiência de mais de 45 anos e, designadamente, dos últimos 4 anos - de enfrentamento do brutal aumento da exploração e do empobrecimento – confirma o acerto, validade, solidez e atractividade do nosso projecto, onde todos cabem e têm voz, fazendo jus à natureza democrática e unitária da nossa organização.

Comprovam-no, desde logo: este grandioso e empolgante Congresso, em que se inscreveram 107 organizações sindicais (filiadas e não filiadas); os resultados alcançados por via da acção reivindicativa e da luta; a superação das exigentes metas de sindicalização e reforço da organização sindical de base, apontadas pelo nosso último Congresso.

É obra, camaradas! E os números constantes de documentos que temos em debate ficam já aquém da realidade entretanto registada: 104 710 novas sindicalizações, 12 093 delegados sindicais eleitos e reeleitos,1 657 representantes SST.

Resultados só possíveis porque estamos lá, no local de trabalho - nível de intervenção prioritário e determinante dos Sindicatos; lá, onde estão os trabalhadores, sujeitos à exploração, onde se constrói a reivindicação, se desencadeia o conflito, se ganha consciência de classe, se organiza a resistência e a luta.

Vivemos hoje, num novo quadro político, para o qual a luta dos trabalhadores deu um contributo determinante. Estão abertas possibilidades de recuperação e melhoria de direitos (alguns já alcançados no quadro da nova e positiva correlação de forças parlamentar) mas o tempo, hoje como sempre, não é de ficar à espera. É preciso agir, por via da acção reivindicativa e no quadro da acção sindical integrada, pela defesa, recuperação, melhoria e efectivação dos direitos, por melhores condições de vida e de trabalho, por um Portugal de progresso e justiça social, independente e soberano. Agir para responder aos problemas; agir para reforçar a sindicalização e a organização.

O balanço da nossa acção é positivo mas é sabido que a brutal ofensiva de desastre económico e social, dizimando emprego, fomentando a precariedade e a emigração forçada, destruindo o aparelho produtivo, desregulando as relações laborais, cortando salários e direitos, não poupou a nossa organização e as organizações sindicais.

Colocaram-se e colocam-se, assim, exigências acrescidas à intervenção sindical e ao exercício de direcção das nossas organizações. Precisamos garantir a aplicação de métodos e estilos de trabalho que a experiência confirmou serem os mais adequados. Definir os locais de trabalho prioritários e estratégicos para cada Sindicato, em todo o seu âmbito; planear a intervenção, centrada em cada local de trabalho, com objectivos e metas (de sindicalização e reforço da organização de base e de acção reivindicativa), meios, calendário e fases de execução; definir quem faz o quê, atribuindo responsabilidades e tarefas a todos, potenciando, ao máximo, os créditos de horas sindicais, a disponibilidade e a militância sindical dos dirigentes, delegados e activistas sindicais. Mas para aferirmos resultados, detectarmos e corrigirmos atrasos e insuficiências, é indispensável avaliarmos, mensal e colectivamente, o trabalho realizado, projectando, para o mês seguinte, as novas etapas do que é necessário realizar.

É vital, para o reforço da nossa intervenção, da nossa organização e da luta, continuarmos a investir no alargamento, renovação, formação e acompanhamento da rede de delegados sindicais e na criação e activação de novas comissões sindicais. Mas é fundamental que esses delegados e comissões tenham um papel activo e interveniente; sejam quem, em primeiro lugar, dá a cara no conflito e na luta; quem toma a iniciativa em defesa dos trabalhadores e, com eles, e em articulação com o Sindicato, avança a reivindicação, esclarece e mobiliza.

A centralidade do local de trabalho na nossa acção coloca-nos outras exigências. Onde ainda não o fizemos, onde há atrasos ou hesitações, precisamos dar passos na implementação de formas de organização descentralizada dos sindicatos, tendo em conta a sua implantação geográfica e as potencialidades existentes; precisamos consolidar processos e avançar para a criação de novas casas sindicais com serviços comuns, potenciando meios, recursos e a solidariedade inter-sectorial.

Sabendo que é na sindicalização, no seu reforço e fixação que reside a fonte da receita dos sindicatos e, por sua via, da nossa estrutura a todos os níveis - garante da autonomia e independência do nosso movimento sindical -, tal não dispensa a adopção de medidas de gestão e de reestruturação administrativa e financeira que se revelem necessárias para prevenir ou corrigir desequilíbrios e incumprimentos. Também nesta matéria, não é tempo de ficar à espera.

Os trabalhadores confiam em nós. A nossa história confirma-nos como força indispensável e insubstituível de progresso e emancipação social.

Mantendo e reforçando a sua ligação profunda aos trabalhadores, intervindo, organizando, reivindicando e conduzindo a luta no quadro da acção sindical integrada, dinamizando a participação e a unidade dos trabalhadores, combatendo o divisionismo e todas as tentativas de ingerência e condicionamento da autonomia e independência do movimento sindical, assegurando a solidariedade de classe e a sua coesão orgânica, respeitando os seus princípios e matriz identitária, a CGTP-IN e o MSU continuarão a reforçar-se, a alargar a sua influência e a criar condições para aprofundar a cooperação com Sindicatos não filiados e que já hoje se identificam com a CGTP-IN na defesa dos valores do sindicalismo de classe.

Os problemas são muitos e de diferente natureza, é verdade! Mas estamos confiantes. Por isso, ousamos avançar, na proposta de Resolução específica que trazemos a debate, metas de sindicalização e reforço da organização de base de grande exigência para o novo mandato.

Acreditamos no nosso projecto, neste grande e poderoso colectivo, sabemos que nada é impossível de mudar. A nossa força radica na força dos trabalhadores, com eles venceremos.

VIVA OS TRABALHADORES!

VIVA O XIII CONGRESSO DA CGTP-IN!

A LUTA CONTINUA!

Graciete Cruz
Membro do Conselho Nacional

Almada, 26 de Fevereiro de 2016