A informação, a comunicação e a propaganda sindical da CGTP-IN

IMG 7141Deolinda Machado

Membro do Conselho Nacional

A informação, a comunicação e a propaganda sindical da CGTP-IN

Começo por saudar todas e todos os congressistas presentes neste 14º Congresso, na minha última intervenção enquanto dirigente desta nossa grande Central Sindical - a CGTP-IN. Em cada um de vós, saúdo todos os trabalhadores portugueses, bem como os imigrantes que vivem e trabalham no nosso país.

Saúdo, de igual modo, todos os que deixam os Órgãos de Direcção no vasto Movimento Sindical Unitário, mas que continuam neste projeto comum, nesta organização sindical de classe, unitária, democrática, independente e de massas, convergindo em torno desta nossa Central Sindical - a CGTP-IN, de cuja história muito nos orgulhamos. Saúdo também a equipa que comigo trabalhou ao longo destes 20 anos na comunicação social, a Susana, a Cristina, o Alexandre e o Júlio; no Secretariado a Natércia; no Serviço de Pessoal, a Paula e a Sónia. Lembro também o Herminio, o Gonçalves André e o falecido Galiza, com todos muito aprendi.

Foram 50 anos de trabalho colectivo, que continuarão com expressão unitária, em torno deste mesmo objectivo, que continua robusto: defender os direitos e os interesses dos trabalhadores, para que os trabalhadores e o povo vejam resolvidos os problemas que persistem no mundo do trabalho. São muitos os trabalhadores que apenas sobrevivem, por não auferirem salários que lhes permitam viver com dignidade e, por isso, não conseguem sair da situação de pobreza em que se encontram, quer os próprios, quer as suas famílias – a designada pobreza laboral que todos temos de, firmemente, combater.

Continuar a trilhar caminhos como protagonista da luta de intervenção por melhores condições de vida e de trabalho, de Trabalho Digno para todos os trabalhadores, independentemente da sua origem cultural, económica e social, ou ainda da cor da pele e religião que professem, é atributo desta Organização ímpar na sociedade portuguesa.

A nossa história colectiva continua a escrever-se quotidianamente nos locais de trabalho, nas respostas conseguidas a partir da resolução dos problemas dos trabalhadores, do povo e do país e da sua valorização. Nos diferentes fóruns a CGTP-IN continuará a luta heróica de muitas mulheres e homens trabalhadores que nos precederam neste trajecto. Muitos estão entre nós, outros já partiram, estão connosco de outro modo, escreveram connosco páginas deste nosso livro colectivo com a sua abnegada entrega à luta pela transformação do mundo que queremos de paz, de justiça e de solidariedade para todos os povos.

Uma palavra para os que chegam a esta grande Central Sindical: continuaremos juntos neste projecto único. Continuaremos a abraçar por dentro a mesma causa - a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores. O alargamento a outros que partilhem destes mesmos princípios e valores continuará a inscrever-se como objectivo e missão a prosseguir, onde todos não somos demais.

Estamos a comemorar o cinquentenário da CGTP-IN, continuando a robustecer e a afirmar os pilares da Constituição da República Portuguesa, pilares constitutivos do Portugal de Abril, da Liberdade e da Democracia, cujo contributo do movimento sindical foi e continua a ser único. Reforçar compromissos em torno da defesa dos trabalhadores, do povo e do país é um desafio que a todos envolve e responsabiliza.

Num final de mandato cujo balanço é extremamente positivo, pautado pelo rigor, pela proposta e pela militância, com a credibilidade que caracteriza a CGTP-IN, há que levar à concretização o Plano de Acção que temos em mãos, cujas prioridades estão definidas e planificadas para que se proceda à respectiva implementação, contando com a acção de todos e de cada um.

Com a concentração da propriedade de empresas de comunicação social, a crescente presença de capital estrangeiro e da banca nas estruturas accionistas, a concentração da publicidade e a sua influência na sustentabilidade dos órgãos de comunicação social, aceleraram a comercialização da informação e a cada vez maior penetração das suas assessorias nas redacções e na marcação da agenda política, ideológica e empresarial. É claro o seu domínio nos mais influentes Órgãos de comunicação, em prejuízo da informação de qualidade, rigorosa, independente e plural. Estes factos estão presentes no tratamento de certos temas, na submissão aos seus interesses de classe, aos interesses económicos, na lógica perversa da concorrência de mercado, baseada na oferta de baixa qualidade e no sensacionalismo, e que, em muitas matérias, em particular em questões internacionais, impõe a agenda das grandes agências internacionais de notícias, em detrimento das dimensões formativa, cultural, informativa e social, promovendo e impondo o pensamento único no assalto à consciência política dos portugueses, substituindo a informação por propaganda de sentido único, sem contraditório.

Há um considerável número de empresas de comunicação que intensifica a produção de materiais jornalísticos onde se propagam a precariedade, a intimidação e a represália, instabilizando a vida dos trabalhadores. São frequentes os contratos a prazo ou de prestação de serviços, a utilização consecutiva de estagiários para ocupação de postos de trabalho permanentes. É cada vez mais evidente a deficiente cobertura e tratamento jornalísticos das notícias, designadamente, das questões do trabalho.

A evolução social e a tecnologia vivem lado a lado, impulsionando-se mutuamente. Quotidianamente, o combate à desinformação, às notícias falsas (fake news), muitas vezes divulgadas e disseminadas pelos próprios órgãos de comunicação social, representa um dos grandes desafios para a democracia. A intoxicação da opinião pública à escala global está em desenvolvimento na internet, nas redes sociais. É trabalho de todos nós contribuir para que esta informação enganosa se erradique, partilhando da concepção de Bento de Jesus Caraça “o que o mundo for amanhã, é o esforço de todos nós que o determinará”.

De ressaltar a importância cada vez maior das propostas reivindicativas que a CGTP-IN apresenta, quer no que se refere à actualização salarial, quer no que toca à reivindicação do aumento das pensões de reforma. Basta pensarmos no custo de vida, concretamente nos custos com a habitação, e facilmente percepcionamos a justeza das reivindicações, da actualidade. Foi neste registo distintivo de uma Central de classe que se realizou o ENCONTRO SINDICAL SOBRE COMUNICAÇÃO SOCIAL, no dia 28 de Novembro último, com o objectivo de melhor preparar este Congresso. Tivemos a intervenção de Professores Universitários, jornalistas e Provedores da Rádio e da Televisão Públicas, que nos falaram do poder da comunicação social e da valorização dos trabalhadores. As intervenções foram editadas numa pequena brochura e também disponibilizadas na página da CGTP-IN.

No que concerne à relação do Movimento sindical com os meios de Comunicação Social e no que respeita à divulgação, valorização das lutas e dos resultados alcançados pelos trabalhadores, importa reforçar a estratégia de comunicação planificando e gerindo previamente a informação. Assim, impõe-se continuar e reforçar a tomada de posição sobre diferentes temas da actualidade noticiosa, tratar a informação sindical a difundir, contactar os profissionais da comunicação social, estar permanentemente contactável e colocar-se à disposição para o aprofundamento, debate e esclarecimento.

Continuar a exigir o reforço da Agência Lusa e da RTP, junto das regiões do país, promovendo uma política de aproximação às populações, reforçando e/ou reabrindo delegações, reforçando o quadro dos seus profissionais, para que haja melhor informação, maior rigor e maior diversidade.

Relativamente ao trabalho a desenvolver no Conselho de Opinião da Rádio e Televisão de Portugal SA e nos demais fóruns em que participa, a CGTP-IN continuará a opor-se a políticas que conduzam a tentativas de privatização e desmantelamento dos serviços públicos de rádio e televisão, pugnando sempre pelo cumprimento do Contrato de Concessão de Serviço Público. Continuará a defender o investimento necessário ao cumprimento do serviço público prestado pela empresa pública RTP.

A CGTP-IN continuará ainda a pugnar por um serviço público de rádio e televisão e da agência noticiosa Lusa, um serviço público de rádio e televisão assegurado por empresas públicas que garantam informação rigorosa, isenta, plural e objectiva; um serviço público que contribua para o aprofundamento e consolidação da democracia e da soberania nas suas múltiplas vertentes, que estimule a participação cívica e que, nos conteúdos que difunde, assegure uma informação que reflicta a realidade laboral, social, económica, política e cultural de Portugal e do mundo, considerando que a TDT (Televisão Digital Terrestre) pode e deve alargar o serviço público. Deve ainda ser levada a cabo uma efectiva cobertura nacional colmando falhas nunca resolvidas aquando da sua implementação, o que originou recurso às operadoras privadas de distribuição de sinal em largas zonas do país.

O acompanhamento e o tratamento da Informação/ Propaganda Sindical são aspectos fundamentais da comunicação sindical. O MSU dispõe de um meio de grande relevância que é o contacto directo nas empresas e locais de trabalho. Criar laços de proximidade e confiança, junto dos trabalhadores deve ser o meio preferencial. No âmbito das novas tecnologias há potencialidades que se somam, e não substituem, ao trabalho do dia- a- dia. São disso exemplo a elaboração de propaganda e a sua colocação nas páginas web e redes sociais. Com o bom uso da tecnologia e das suas redes de difusão combateremos bloqueios e distorções da mensagem. Rentabilizar a presença de uma organização sindical no espaço virtual deve ser visto também como uma forma de envolver e melhorar a participação dos trabalhadores na expansão da comunicação sindical.

O presente e o futuro passam pela aposta no enriquecimento da imagem em vídeo e pela capacidade de produzir e disponibilizar conteúdos nesse formato, para chegar ao utilizador comum.

A CGTP-IN continuará a pugnar pelo reforço do esclarecimento e das ideias quer no plano central, melhorando a plataforma integrada da CGTP-IN nas suas diversas especializações, quer nos locais de trabalho, onde os colectivos sindicais deverão dar mais atenção a uma boa utilização dos placares sindicais, tendo sempre presente a sua actualização permanente. Melhorar a recolha fotográfica e imagens vídeo das iniciativas e lutas das várias regiões, para utilização comum de todo o Movimento Sindical Unitário, bem como promover a existência de páginas que reflictam a actividade sindical e seus resultados é outro dos objectivos propostos. Reforçar a formação na área da elaboração de documentos - tanto graficamente como de escrita - e na gestão das páginas e redes sociais continuará a ser prioridade.

A unidade na organização e na luta reforçará a acção sindical. O compromisso que assumimos na construção deste projecto de esperança, de justiça, de dignidade para todos no trabalho e na vida, dá-nos força para vencer os desafios. A força dos trabalhadores vencerá!

Com a luta permanente dos trabalhadores, uma informação rigorosa, livre, isenta e plural e com a força da CGTP-IN, uma sociedade de paz, de justiça social, triunfará para todos.

LUTAR, AVANÇAR NOS DIREITOS VALORIZAR OS TRABALHADORES POR UM PORTUGAL COM FUTURO!

Viva este nosso 14º Congresso! Viva a CGTP-Intersindical Nacional!

Seixal, 14 de Fevereiro de 2020