tap airAgosto fora e entramos no sexto mês de pandemia. Por muito fértil que seja a nossa imaginação, certamente ninguém anteciparia que ao fim de 6 meses ainda estivéssemos nesta situação a sofrer cortes salariais e outros atropelos ao Acordo de Empresa e, pior ainda, empurrados para uma situação sem fim à vista.

Mas será “apenas” por causa da pandemia que estamos nesta estranha situação? Parecenos a nós, SITAVA, que não. E dizemo-lo não por qualquer palpite, mas porque a evidência isso nos mostra.
Das grandes companhias – e também algumas pequenas – que demandam Lisboa, a TAP é aquela que menos recupera e menos voa. Isto tem que ter uma causa. Lamentavelmente, começámos a ter razão bem mais cedo do que esperávamos.

Já tínhamos alertado, e por mais de uma vez, que os experimentalismos aventureiristas reiteradamente praticados em setores nevrálgicos da companhia, iriam sair caros à TAP e aos seus trabalhadores. Não podemos nunca ignorar que, por trás de cada decisão da gestão, estão sempre os trabalhadores a sofrer as consequências dessas decisões.

E se é verdade que os gestores vêm e vão, os trabalhadores ficam, e ficam sempre a pagar os erros dos competentíssimos gestores. Estamos já, neste momento, a pagar pelo facto de a gestão ter decidido não voar nos meses de Abril, maio e Junho, enquanto as outras companhias estiveram sempre presentes.

Muito alertámos nós para esse facto que iria retirar à TAP quota de mercado. Mais uma vez, lamentavelmente, estávamos certos. A força de vendas da TAP, por falta de voos da nossa companhia, viu-se forçada a vender para outras, e agora temos o resultado desses danosos atos de gestão. Como sempre sofrem, agora, os trabalhadores.

A TAP precisa urgentemente de uma gestão comprometida com o projeto de recuperação da companhia. Fala-se agora a propósito de tudo e de nada na tal reestruturação. Mas qual reestruturação? O que a TAP precisa é de recuperar do marasmo para onde esta gestão a está a atirar. Em vez de reestruturar temos é que recuperar, e muito rapidamente.
Por cada notícia que lemos na comunicação social mais se comprova que alguém não está a fazer bem o seu trabalho. Mas afinal existe um novo CEO ou não?

Existe uma nova Comissão Executiva ou também não? E o Governo Português que, corajosamente, meteu ombros à tarefa de salvar a companhia, agora também foi de férias? Ou todos eles
entregaram o nosso futuro coletivo nas mãos da tal BCG?

Se é assim a coisa começa muito mal. Não contem com o SITAVA para assistir à degradação da companhia e virem depois dizer, que o que resta é uma TAPzinha. Essa não.

Essa não interessa, nem aos trabalhadores nem ao país. A TAP tem que começar a voar de modo a manter a sua capacidade e dimensão, porque só assim estará em condições de cumprir o seu desígnio de servir a economia nacional. E muita atenção ao serviço de bordo.

A TAP não é uma LCC. A TAP tem que diferenciar-se pela excelência do serviço. Continuaremos muito atentos ao que se está a passar. Não desconhecemos que existem formalidades a cumprir, mas isso não retira nenhuma responsabilidade àqueles cuja obrigação é zelar pelos interesses do país, da TAP e dos seus trabalhadores.

É inaceitável que o Acordo de Empresa esteja a ser violado descaradamente, recusando a empresa cumpri-lo com as mais esfarrapadas desculpas. Que ninguém se esqueça que a contratação coletiva é uma conquista histórica, até civilizacional, de que jamais abdicaremos. Por muito violenta que seja uma pandemia não é suficiente para fazer recuara história.

Por fim, deixamos alguma informação, apenas para os aeroportos de Lisboa e do Porto, que ilustra claramente o que afirmamos acerca da paralisação da companhia em comparação
com as suas mais diretas concorrentes. Devemos ter em atenção que mesmo os voos previstos sofrem diariamente cancelamentos. É esta a triste realidade que tem que ser muito rapidamente alterada.

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Fonte. SITAVA