Intervenção de Dinis Lourenço
Membro do Conselho Nacional

                                 

A LUTA POR UM MUNDO DE  PAZ ,  SOLIDARIEDADE E COOPERAÇÃO

Camaradas,

Saúdo calorosamente todos os delegados a este nosso décimo quinto congresso da CGTP-IN. Saúdo também, com fraternidade e amizade, os convidados internacionais ao nosso congresso e, através deles, todos os trabalhadores dos seus países.

Vivemos tempos instáveis e incertos. À crise estrutural do capitalismo, característica fundamental da sua natureza exploradora e predadora, o imperialismo reage de forma violenta e agressiva, promovendo a guerra, o conflito, o fascismo, a xenofobia, o racismo, todos os mecanismos para manter e aprofundar a desigualdade que mantém a acumulação e concentração do capital. O aprofundamento da exploração dos trabalhadores, a política de baixos salários, de precariedade e ataque aos direitos dos trabalhadores estão intrinsecamente ligados à militarização das relações internacionais, na política agressiva e imperialista de domínio dos recursos naturais e rotas comerciais.

Na região da Ásia Pacífico, eleva-se a provocação e a escalada armamentista. Prossegue a crescente militarização do Japão e a aliança entre os Estados Unidos da América, Reino Unido e Austrália, eleva o perigo nuclear na região.

No médio oriente, estamos perante um genocídio em direto, onde as bombas israelitas sobre a faixa de Gaza chacinaram já mais de 28 mil pessoas e empurraram milhões cada vez mais para sul, que se vêem, neste momento, bombardeados onde lhes foi prometida segurança. Massacre cometido com o respaldo e a conivência dos EUA e os seus aliados da NATO, da UE e que coloca em causa a paz e a estabilidade na região. Em Portugal e em todo o mundo os trabalhadores e o povo têm saído à rua, em demonstrações imensas de solidariedade exigindo o cessar fogo imediato, o fim da guerra, o fim do massacre, convictos de que a Palestina vencerá!

No continente africano, intensifica-se a ingerência e o ataque à soberania dos povos, intensificando-se também a luta contra essa ingerência e a rejeição do imperialismo e o neocolonialismo. Mantém-se a criminosa ocupação do Saara Ocidental pelo reino de Marrocos. Ocupação violenta, que segrega e discrimina os trabalhadores e o povo saharauí no acesso ao emprego, à livre circulação, à habitação, à liberdade de expressão.

 Ocupação que mantém deslocados milhares de refugiados. Mas intensifica-se, e daqui saudamos, a luta do povo saharauí pela constituição do seu estado no seu território, livre e independente. Luta que conta e contará sempre com a solidariedade activa da CGTP-IN!

Na América Latina, apesar da ingerência, das sanções e manipulações, da usurpação dos recursos naturais, os povos abrem janelas de resistência e esperança, como resiste, entre outros, o povo da venezuela à tentativa de esbulho das suas riquezas através da chantagem do bloqueio, e como resiste o povo cubano ao cerco criminoso do embargo dos EUA a Cuba que dura há mais de 60 anos. Aqui reafirmamos a nossa solidariedade, com a resistência do seu povo, certos de que Cuba vencerá!

Na Europa agrava-se a tensão, o militarismo e a corrida aos armamentos. Assistimos a uma pressão para o aumento dos orçamentos militares dos estados membro da UE, alinhando numa política de crescente militarização e federalização da União Europeia. O processo de agravamento da situação no leste da Europa, em que a invasão da Ucrânia pela Rússia e a acção dos EUA e da NATO se integram precisa de ser interrompido e revertido. É urgente que se inicie um processo de negociação que conduza à paz e à segurança, respeitando os princípios do direito internacional definidos na carta da ONU e na Acta Final da Conferência de Helsínquia e que a União Europeia e o governo português sejam forças que contribuam para esse processo e não para alimentar o conflito.

As guerras e as sanções são contra os interesses dos trabalhadores. Nestes últimos anos os trabalhadores portugueses sentiram na pele o aumento dos preços nos bens essenciais e nos combustíveis decorrentes da especulação gerada pelas sanções e a guerra. Mas é verdade que há quem tenha interesse na guerra.

 Veja se o aumento exponencial dos lucros dos grandes grupos económicos, da grande distribuição, o aumento do negócio das armas e depressa encontraremos aqueles que beneficiam e promovem a guerra.

A CGTP-IN reafirma os seus princípios e objectivos de luta e defesa da paz, da cooperação entre os povos, em particular numa altura em que estas posições em defesa da paz e da cooperação entre os povos têm sido menorizadas e silenciadas em detrimento de uma propaganda que promove a guerra e o escalar de tensões. Ao comemorarmos 50 anos da revolução de Abril em que os trabalhadores e o povo saíram à rua exigindo a paz e o fim da guerra colonial, reafirmamos o nosso compromisso e solidariedade com os trabalhadores e os povos vítimas de guerra, sanções, agressões e ingerências imperialistas, trabalhando em conjunto com as organizações do movimento da Paz, em particular o Conselho Português para a Paz e Cooperação.

O momento exige o fim da guerra, do militarismo e da escalada armamentista. Exige o caminho para um mundo livre de armas nucleares, de desanuviamento dos conflitos. Exige a dissolução dos blocos político-militares, nomeadamente da NATO, de acordo com a nossa Constituição da República. Exige um caminho de cooperação e amizade entre os povos, de resolução pacífica dos conflitos, de soberania e independência nacionais.

Daqui deste nosso congresso expressamos a nossa solidariedade com todas as vítimas de guerra, de sanções, de bloqueio, de ingerência, nomeadamente com os povos da Palestina, da Síria, do Iémen, do Iraque, da Líbia, do Líbano, da Ucrânia, de Moçambique, de Cuba, da Venezuela, do Saara Ocidental, entre tantos outros.

A nossa acção nas empresas e locais de trabalho é um contributo valioso para a luta dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo contra o imperialismo, pela construção de um mundo de paz e solidariedade.

 É tarefa do movimento sindical o reforço da sua acção na luta pela paz e a solidariedade, o esclarecimento dos trabalhadores sobre as lutas dos trabalhadores e dos povos e assim estarmos mais capazes de dar um contributo decisivo, de classe, para uma sociedade mais justa, mais fraterna, livre de exploração do homem pelo homem.

Viva a solidariedade internacionalista!

Viva a luta dos trabalhadores e dos povos!

Paz sim, Guerra não!                                                                                               

                                                                                                                                                   SEIXAL, 24 FEVEREIRO 2024