Cuidados de Saúde Primários da ULS Coimbra ardem durante o Verão e congelam durante o Inverno, mais parecendo os "Bidonvilles" da saúde
Tendo vindo recentemente a público a problemática da climatização de algumas unidades de saúde da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra designadamente no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), manifesta antes de mais a solidariedade e compreensão com os enfermeiros em causa e demais trabalhadores que aí exercem funções.
Esta problemática da climatização, que se faz sentir com maior acuidade quando ocorrem temperaturas extremas, há anos que tem sido exposta junto das instituições em causa, designadamente na ex-ARS Centro, a qual pouco ou nada fez.
Para a ULS Coimbra, que entretanto protocolou com os diferentes municípios a malfadada descentralização de competências no foro da manutenção, conservação, gestão dos equipamentos e dos serviços de apoio logístico (excepto os ligados a equipamentos médicos, que permanecem sob responsabilidade central), parece nunca ter sido um problema.
Mas, afinal, onde pára a responsabilidade da ULS de Coimbra? Não tem a ULS, enquanto entidade empregadora, ao abrigo da lei, ser obrigada a garantir a Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho com as condições adequadas de temperatura e ventilação nos locais de trabalho? Até à recente descentralização municipal no âmbito dos cuidados de saúde primários, que medidas para obviar esta problemática adoptou a ULS Coimbra?
Como é de todos sabido, as temperaturas extremas comprometem seriamente o conforto, a saúde e o bem-estar, com impacto direto na capacidade de concentração, produtividade e segurança e consequentemente elevando o risco clínico para o profissional, utente e medicamento. Relembramos que largas dezenas de vacinas já foram inutilizadas por este motivo.
Os Cuidados de Saúde Primários têm sido ao longo dos anos os "Bidonvilles" da saúde, onde trabalham enfermeiros e outros profissionais com o maior empenho e profissionalismo, mas onde tudo falta em relação às suas condições de trabalho.
Recentemente, veio a Câmara Municipal de Coimbra, aparentemente sem qualquer contestação ou reparo técnico-científico por parte da ULS Coimbra distribuir dezenas de ventoinhas pelas unidades de saúde, como se isso fosse a solução para o problema. Afirmamos e reafirmamos: Não, não é a solução.
Queremos aqui expressar que em qualquer unidade de saúde, as ventoinhas estão contra indicadas, especialmente em áreas clínicas e de atendimento ao público, pois geram turbulência no ar, disseminando partículas e microrganismos pelo ambiente, especialmente porque movimentam o ar de forma descontrolada, carregando partículas muito pequenas, como aerossóis.
“Não há benefício algum numa ventoinha. Não reduz de forma eficaz a temperatura corporal”, afirma Glen Kenny, professor de Fisiologia na Universidade de Otava (Canadá) e coordenador de investigação em Fisiologia Ambiental Humana.
O desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde também se mede por aqui. Com que intenção?
Apenas alguns exemplos de Centros de Saúde da ULS Coimbra onde não existe a devida climatização (ar condicionado):
- Centro de Saúde da Mealhada (sem ar condicionado)
- Centro de Saúde de Mira (na sede há ar condicionado. Na unidade de saúde da Praia de Mira e restantes pólos não há ar condicionado.)
- Centro de Saúde Norton de Matos (USF Norton de Matos e USF Pulsar (não têm ar condicionado)
- Centro de Saúde de São Martinho (se ar condicionado)
- Centro de Saúde de Condeixa (ar condicionado não funciona nalgumas salas)
- Centro de Saúde de Eiras (unidade de saúde de Souselas tem ar condicionado e Eiras não tem)
- Centro de Saúde de Oliveira do Hospital (não há ar condicionado)
- Centro de Saúde de Poiares (não há ar condicionado na Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) e na Unidade de Saúde pública (USP)
- Centro de Saúde de Arganil (não há ar condicionado. No Serviço de Urgència Básico (SUB), há dois avariados)
- Centro de Saúde da Lousã (há mas avariado)
- Centro de Saúde de Góis (existe ar condicionado apenas nalguns gabinetes)
- Centro de Saúde de Miranda do Corvo (na sede não há ar condicionado)
- Centro de Saúde de Penacova (há ar condicionado apenas nalguns gabinetes)
Aquando do início do Inverno, cá estaremos para identificar a situação homóloga e as soluções que foram encontradas para solver o problema das temperaturas extremas do frio.
Fonte: Sindicato dos Enfermeiros Portugueses