O progresso tecnológico é uma constante da evolução humana, que pode e deve ser usado para melhorar a vida dos trabalhadores, dos povos e dos países e não para estar apenas ao serviço das empresas, nomeadamente as multinacionais.

A introdução de novas tecnologias e a robotização podem e devem melhorar os processos de produção e também a organização do trabalho. Tal facto não significa, necessariamente, que todos os trabalhadores vão ser substituídos por robots, perdendo os seus rendimentos e ficando reduzidos à indigência.

roboticaNa realidade, os robots podem substituir os trabalhadores humanos em algumas tarefas ou postos de trabalho, mas com isso os humanos ficam mais libertos para novas funções que exigem qualidades que a inteligência artificial não é capaz de suprir, como a capacidade de inovar, de criar, de se emocionar e de tornar possível o que parecia impossível.

Neste quadro, a aposta na produção de valor acrescentado e a melhoria da qualidade do emprego constituem, sem dúvida, a chave para a valorização do trabalho humano. Ou seja, a aposta para o futuro é indissociável de uma constante e progressiva melhoria dos sistemas de educação e formação e na promoção da igualdade de oportunidades no acesso à obtenção de maiores qualificações para todos.

Por outro lado, a robotização deve potenciar uma mais justa distribuição da riqueza e a redução dos tempos de trabalho, abrindo assim espaço para outras actividades, designadamente para maior participação social e cívica, para a cultura e para o lazer dos trabalhadores, o que por sua vez vai conduzir à necessidade de criação de mais emprego nestes sectores.

Quanto à segurança social, a robotização também não significa automaticamente a sua destruição ou fragilização, nem implica a necessidade de reduzir direitos sociais. Trata-se apenas de organizar o sistema de segurança social em moldes diferentes, designadamente no que respeita às suas fontes de financiamento, que devem ser diversificadas em consonância com as mudanças da economia e do mercado de trabalho. Para isso haverá que instituir formas complementares de cálculo das contribuições das entidades patronais para a segurança social que considerem o valor acrescentado líquido das empresas que, empregando menos trabalhadores, obtêm mais lucros.

Para a CGTP-IN, a inovação tecnológica deve ser colocada ao serviço de todos e da sociedade. Daqui resulta a implementação de políticas que previnam atempadamente a criação de empregos alternativos para os que serão postos em causa pela robotização e assegurem a sustentabilidade dos sistemas de protecção social, no quadro de uma sociedade que se deseja e exige mais justa, fraterna e solidária, com oportunidades e direitos iguais para todos.