Há muito que as sucessivas comissões liquidatárias, vulgo governos, ministérios da saúde e respectivas administrações, tinham traçado o fim da Urgência do Hospital Geral do Covões.
Hoje, foi o passo/decisão final de uma morte há muito anunciada.
Nos últimos meses, a administração da ULS Coimbra, foi descaracterizando o acesso dos utentes àquela urgência, até que deixou de haver referenciação do INEM para ocorrer a situações de urgência.
Ainda ontem, incompreensivelmente, os enfermeiros da urgência do Hospital dos Covões receberam um email da ULS Coimbra a dar a informação referindo
“que por decisão do CA, a partir de dia 31 de Outubro o SU deixará de ter doentes a partir das 20H.
Neste sentido iremos alterar as escalas de trabalho e solicitar que a Segurança encerre as portas ás 20:30 e proceda à sua abertura ás 7:30.
De acordo com a decisão do Diretor do Serviço, as inscrições dos doentes serão apenas até ás18H para permitir que até ás 20:00 os doentes estejam observados e com orientação clínica.”
Dando o dito por não dito, hoje, 24 horas depois, dois responsáveis da direcção de enfermagem, deslocaram-se ao serviço e informaram os trabalhadores presentes que a partir de hoje, dia 31 de Outubro de 2025, a urgência se encerrava definitivamente.
Há muito que afirmamos que à boleia das proclamadas sinergias da fusão dos hospitais de Coimbra, da dita reestruturação da rede de referenciação de diversas especialidades médicas, da economia de escala e o que mais lhes interessou e interessa, para o ataque e descaracterização do SNS, o Hospital Geral dos Covões, é o alvo a abater. Só podia. Ao lado esquerdo da margem do Mondego, onde o capelo e a borla carunchosa da universidade não gostam de ir nem nunca foram. Onde também reside Povo laborioso.
A golpada de veludo da fusão, que mais não foi do que anexação com vista à destruição duma instituição.
Simultânea e paulatinamente, constrói-se um caminho que leva à sangria de recursos humanos.
A direcção e o sentido que pretendem dar ao Hospital Geral dos Covões tem como consequência o necessário caminho de confluência política dos sectores mais interessados no negócio da doença.
Não sejamos ingénuos. O caminho e o plano para o Hospital Geral dos Covões (HGC), foram e estavam traçados. O Plano para o HGC era e continua a ser o NÃO PLANO.
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), com vista às legítimas aspirações dos utentes e profissionais, estará na primeira linha em defesa de um SNS Universal, Geral e Gratuito, numa clara rutura com a política de destruição mansinha e de veludo do SNS, exigindo uma efectiva e verdadeira reorganização hospitalar para fortalecer a resposta pública e não permitir fragilidades que dêem azo ao florescimento do sector privado, como continua a acontecer em Coimbra.
Fonte: SEP
