A crescente pressão humana sobre o meio ambiente que o presente modelo de desenvolvimento social e económico está a provocar à escala planetária, obriga-nos a ter outras preocupações para além do “ter e gastar”, isto é do consumir e do produzir sem medir as consequências ambientais, sociais, que nos empurram para um futuro sem sustentabilidade.

 

Hoje discute-se o desenvolvimento de uma nova economia que se fundamenta em novos modelos de produção e de consumo, que de uma forma simultânea possam gerar, entre outros benefícios, o de proporcionar a criação de postos de trabalho com qualidade e menos impactos ambientais, que podemos chamar empregos sustentáveis e verdes.

Sendo ainda relativamente pouco conhecido, o “emprego verde” está presente há vários anos em Portugal e o seu nome emerge do discurso técnico e temático que o define assim. Para nós, não se trata se reduzir este conceito à perspectiva do meio ambiente, mas de o incluir numa dinâmica de transição para uma economia sustentável, com emprego digno, com grandes preocupações ambientais, sociais e humanas.

Para a OIT – Organização Internacional do Trabalho, o conceito de empregos verdes, resume-se na transformação das economias, das empresas, dos ambientes de trabalho e dos mercados laborais em direcção a uma economia sustentável que proporcione nomeadamente o trabalho decente e o baixo consumo de carbono. Este tipo de empregos reduz o nível de impacto das empresas no meio ambiente. Além disso, contribuem para diminuir a necessidade de energia e de matérias-primas e visam reduzir e evitar as emissões de gases com efeito de estufa. Reduzem ainda os resíduos e a contaminação, bem como restabelecem os serviços do ecossistema como o da água pura e a protecção da biodiversidade. Os empregos verdes podem ser criados em todos os sectores e empresas, bem como em áreas urbanas e nas rurais.

Além disso, os empregos verdes, nalguns casos, podem servir a combater as exclusões e a pobreza, empregando pessoas mais necessitadas e, de forma geral, são empregos com qualidade, que proporcionem rendimentos adequados, protecção social e respeito pelos direitos dos trabalhadores e que permitam aos trabalhadores expressar a sua opinião nas decisões que podem afectar as suas vidas.

Perante a presente crise económica e ambiental, apostar neste tipo de empregos verdes é contribuir para um desenvolvimento mais sustentável. É pois preciso integrar no nosso dia a dia uma genuína preocupação para com o futuro, fomentando novas práticas e novas culturas com mais consciência ecológica, mais sustentáveis e humanizadas. Pois, “o desenvolvimento sustentável é o que procura satisfazer as necessidades da geração actual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.”